Quinta, 21 Novembro 2024

Caros leitores,

 

Hoje, falaremos da eletrificação da Estrada de Ferro Sorocabana.

 

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Fundada em 1871 por Luís Mateus Maylasky com o objetivo de ligar por via férrea as cidades de São Paulo e Sorocaba, a E.F. Sorocabana extrapolou em muito seus objetivos iniciais: integrou a região sul do estado de São Paulo, através de sua linha tronco até Presidente Epitácio, porto fluvial no rio Paraná; integrou o estado à região sul do Brasil, através de seu ramal entre Iperó e Itararé; promoveu a colonização do norte do Paraná, conectando-se com a E.F. São Paulo-Paraná em Ourinhos; viabilizou uma alternativa de ligação em bitola métrica com Bauru, importante entroncamento ferroviário, possibilitando conexão direta com a E.F. Noroeste do Brasil, que liga o estado de São Paulo à região sul do então estado de Mato Grosso e Bolívia; a absorção da Companhia Ytuana incluiu linhas entre Mayrink-Campinas e Jundiaí-Piracicaba. Contudo, sua maior façanha talvez tenha sido desafiar o monopólio do acesso ao porto de Santos, dominado pela inglesa São Paulo Railway, através da construção da linha entre Mayrink-Santos em 1937.

A eletrificação da E.F. Sorocabana teve um início muito hesitante, causada pelas graves dificuldades financeiras que atravessou no início da década de 1920, às grandes obras executadas entre 1920 e 1930 e ao caráter estatal de sua administração. Entre 1924 e 1939 foram feitos inúmeros estudos e projetos, sem qualquer conseqüência prática. Contudo, uma vez decidida a implantação da eletrificação em 1940, o primeiro trecho, entre São Paulo e Sorocaba, foi implantado mesmo sob as grandes restrições impostas pela II Guerra Mundial.

Entre 1945 e 1957, a eletrificação se expandiu até Bernardino de Campos na linha tronco, até Itapetininga no ramal de Itararé e até Evangelista de Souza na linha que ligava a capital do estado até a linha Mayrink-Santos. A crise ferroviária brasileira, que se aguçou ao longo da década de 1960, e o uso de locomotivas diesel reduziram o ímpeto desse avanço, mas ainda foram registrados avanços na eletrificação, que no final de 1967 atingiu Samaritá, na Baixada Santista, e Assis na linha tronco, em 1969. Note-se que a E.F. Sorocabana foi a última grande ferrovia brasileira que investiu pesadamente em eletrificação nesse período.

É óbvio que uma empresa de capital importância para o estado de São Paulo e para o Brasil, a E.F. Sorocabana estava nos primórdios do século XX, também estava preocupada com um nível cada vez maior de eficiência em suas operações. Essa preocupação aumentou particularmente na década de 1920, quando a começou a concorrência do transporte rodoviário e aeroviário.

Contudo, a situação econômica da ferrovia na época ainda era delicada: ela ainda estava se recuperando da desastrosa administração feita pelos concessionários privados até 1919 e os objetivos na época eram prioritariamente a recuperação da estrada. Além disso, havia também a questão da duplicação do trecho inicial da ferrovia, além de uma pertinaz dúvida sobre o alargamento de sua bitola. E mais o velho sonho da construção do ramal para o Porto de Santos.

 

1E

Obras - o ramal de Santos na Serra do Mar na década de 30

 

O fato é que a idéia da eletrificação surgiu logo após a ferrovia ter voltado ao controle do governo estadual e finalmente o edital de concorrência para o primeiro trecho a ser eletrificado, 140 quilômetros em linha dupla, entre São Paulo e Santo Antônio, hoje Iperó, foi publicado em 27 de setembro de 1939.

A concorrência foi ganha pela Electric Export Corporation, empresa que havia sido criada exclusivamente para essa obra, a partir da associação entre a International General Electric, Westinghouse Internatinal Company e a Companhia de Mineração e Metalurgia Brasil - Cobrazil.

Na época foram registrados protestos por parte de alguns especialistas ferroviários, alegando que o país deveria deixar de se apoiar em fornecedores estrangeiros e desenvolver sua própria tecnologia de eletrificação ferroviária para reduzir os custos de sua implantação e viabilizar sua extensão a um maior número de estradas de ferro nacionais. Era uma manifestação da maré nacionalista que ficaria mais expressiva a partir da década de 1950.

Também na E.F. Sorocabana se empregou o sistema de eletrificação consagrado pela Companhia Paulista de Estadas de Ferro: rede aérea de catenária, 3 kV, corrente contínua - o qual, por sinal, havia sido imposto como padrão pelo Governo Brasileiro em 1934 e já havia sido utilizado também pela E.F. Central do Brasil.

 

Trecho

Extensão do Trecho
[km]

Extensão Total
[km]

Data da Inauguração

São Paulo-Sorocaba

104,342

104,342

08.12.1944

Sorocaba-Iperó

35,130

139,472

14.08.1945

Iperó-Cerquilho

24,718

164,190

Janeiro 1947

Cerquilho-Laranjal Paulista

24,148

186,388

15.12.1947

Laranjal Paulista-Juquiratiba

30,863

217,201

01.05.1949

Iperó-Tatuí

18,575

235,776

30.07.1950

Tatuí-Morro do Alto

42,833

278,609

1951

Juquiratiba-Botucatu

50,707

329,316

16.10.1951

Botucatu-Rubião Júnior

5,772

335,088

1952

Rubião Júnior-Pátio 3 (Itatinga)

30,210

365,298

1953

Pátio 3 (Itatinga)-Bernardino de Campos

37,444

402,742

1954

 

 Trechos da linha troco da Estrada de Ferro Sorocabana

 

Após uma década de eletrificação, somente em 27 de novembro de 1967, é que a eletrificação tornou-se operacional até a raiz da Serra do Mar, em Samaritá - e não passou daí. Em 1972, uma tromba d’’água destruiu subestações, arrancou postes e danificou bastante a linha do trem. Naquela época, com um novo Plano de Eletrificação da Fepasa, em 25kV em corrente alternada, a ferrovia só se preocupou com o restabelecimento dos trens, cujas locomotivas elétricas foram substituídas por diesel, situação que se mantém até hoje.

 

3E

Túnel da Sorocabana na Serra do Mar

 

Na linha tronco, somente em julho de 1969, a eletrificação chegou até Assis, com a incorporação de mais 249 quilômetros à rede eletrificada da E.F. Sorocabana - e daí não passou, apesar do projeto original ter como objetivo a operação elétrica de toda a linha tronco, até Presidente Epitácio.Depois de 55 anos, o sistema de eletrificação para transporte de carga deixou de operar na malha ferroviária do oeste paulista. As locomotivas movidas a energia elétrica foram retiradas de circulação no trecho entre Rubião Júnior e Assis para cortar custos. Essa foi a explicação da América Latina Logística (ALL), a operadora do trecho paulista da antiga Sorocabana..

 

4E

Locomotiva elétrica da antiga Fepasa
circulando no trecho Boa Vista Mairink

 

Depois de 55 anos, o sistema de eletrificação para transporte de carga deixou de operar na malha ferroviária do oeste paulista. As locomotivas movidas a energia elétrica foram retiradas de circulação no trecho entre Rubião Júnior e Assis para cortar custos. Essa foi a explicação da América Latina Logística (ALL), a operadora do trecho paulista da antiga Sorocabana..

 

Referências bibliográficas:

http://www.geocities.com/SiliconValley/5978/electro/fepasa.html#corredor

http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_de_Ferro_Sorocabana

http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0102z13c.htm

 

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