Comecei a trabalhar com importação e exportação ainda muito jovem, talvez com 15 anos de idade. Como aprendi um pouco de alemão e de inglês, tive sorte de logo arrumar um novo emprego, ser promovido e ter um cargo de follow up das importações/exportações da empresa. A pressão era muito grande para alguém que nesta nova fase tinha pouco mais de 20 anos.
Eu aproveito esta oportunidade no Portogente para agradecer àquelas pessoas que me toleraram na época, com toda paciência e compreensão com um jovem ansioso para crescer na empresa e desejoso de mostrar competência, dedicação e serviço; mas ainda inexperiente, inflexível e chato!
Com o tempo, e somente com o tempo, é que vamos adquirindo vivência, experiência e conhecimento. Após muitos anos trabalhando na área, diretamente ou indiretamente, eu aprendi a admirar o profissional que labuta no comércio exterior realizando o despacho aduaneiro. Dentro de toda a cadeia ele é, talvez, o mais importante. Se não é o mais importante, é o que assimila todas as angústias, ansiedades, prazos curtos, erros do sistema, elucubrações de burocratas, desrespeito de "autoridades", inovações sem prazos, legislações (leis, decretos, portarias, comunicados, instruções etc) sem embasamento e sem fundamento, sistemas que não rodam e sem lastro e muitos outros desafios.
O despachante aduaneiro, além de viabilizar toda operação logística após todos os desencontros e desencantos, também é muitas vezes o parceiro que ajuda o seu cliente, representado pelo supervisor/analista/diretor/gerente de Importação, a assimilar as pressões e os prazos impostos por outros membros dentro da empresa. É preciso lidar com clientes que não conhecem as dificuldades e adversidades para concretizar importações ou exportações no processo aduaneiro, e também não querem aprender! Portanto, além de trabalhar como despachante aduaneiro, muitas vezes ainda se torna um amigo e até um “psicólogo” para ouvir as lamentações.
No último dia 26 de abril, data em que se comemora o Dia do Despachante Aduaneiro, resolvi ligar para alguns amigos e conhecidos e, infelizmente, não consegui falar com todos. Alguns chegaram a me perguntar: “você lembrou?, eu não sou tão importante!”. Entretanto, o que eu gostaria que todos soubessem é que os despachantes são heróis nacionais anônimos, que viabilizam o fluxo das importações e exportações deste País, trazendo progresso, respeito e prosperidade.
