Sexta, 29 Março 2024

O centro citadino histórico do Porto de Santos desenvolveu-se a partir de meados do século passado à combinação de quatro fatores: a expansão do cultivo do café na hinterlândia da Província de São Paulo; a construção da estrada-de-ferro São Paulo Railway; o desenvolvimento da navegação marítima a vapor; a construção do cais linear da Companhia Docas de Santos.

A área do Valongo ao Paquetá expandiu-se e, em suas ruas e vielas, transitava a riqueza do café.


Cartão-postal da década de 1950, mostrando caminhões próximos
ao costado dos navios, para embarque de sacas de café destinadas
ao mercado internacional. Coleção Laire José Giraud

O café, originário da Alta Etiópia (Abissínia), foi cultivado e usado habitualmente, como bebida na Arábia, desde o século XV. Mesmo sendo considerada uma bebida excitante e prejudicial à saúde, sua difusão ocorreu na Europa, no século XVII.

Anos depois, convenientemente analisada, foi aceita em quase todo o ocidente como bebida nutritiva, tônica e estimulante do coração, com o nome de café, corruptela do vocábulo turco kanweh (cavé), mas derivada do árabe kanwak (leia-se ‘cauá’).


O cartão-postal da segunda década do século passado mostra
o primeiro trecho do cais linear em Santos. Coleção L. J. Giraud

O café cultivado no Jardim Botânico de Amsterdã e Dalí foi transplantado para as Guianas Holandesas e Francesas.

Em 1727, o Sargento-mor Francisco de Melo Palheta, da Capitania do Grão Pará, então em visita à Guiana Francesa, levou mil sementes e cinco mudas vivas para o Pará. Diz a tradição que ele obteve clandestinamente as sementes de uma dama e as conduziu para Belém, em cujas imediações foram plantadas com cuidado.

Os viçosos cafezais produziram frutos e deram origem a novos plantios em vários pontos da Bacia Amazônica, chegando a despertar a atenção do governador do Rio de Janeiro, quando ficou provado serem as terras do Rio de Janeiro e vizinhas apropriadas ao cultivo desse produto, para o qual se previa grande futuro econômico.


Fila de carregadores com sacas de café para bordo - 1908. Col. L. J. Giraud

Essa descoberta suscitou verdadeiro “ rush ”, com a difusão instantânea de grandes cafezais pelas terras da Baixada Fluminense, Vale do Paraíba do sul, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, ocorrendo em 1782 a primeira plantação de café em São Paulo. Em 1732, houve a primeira exportação do produto no país, de cultivo paraense, com destino a Lisboa, pela barca “ Santa Maria ”.

A primeira exportação paulista pelo Porto de Santos, verificou-se em 1845, com embarque para a Alemanha. A partir de então, disseminando o seu cultivo nas terras paulista, o café tornou-se a mola do progresso econômico da nação, como grande gerador de divisas, tornando o Porto de Santos o maior terminal exportador de café do mundo.


Pôster publicitário do Café do Brasil
para o exterior. Coleção Edson Lucas

Texto extraído do livro Santos Cidade Marítima - 1999, realizado por José Carlos Rossini, Laire José Giraud e Jaime Mesquita Caldas, para o Instituto Oceanum.

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