Quinta, 25 Abril 2024

Clique aqui para ler a primeira parte deste artigo.

A ânsia de viver deixou consternados todos que o admiravam. E ficou a lembrança das suas boas ações.

Assim, como homenagem póstuma, reproduzo o último artigo do tio Kepler, publicado na Revista AABB, da Associação Atlética Banco do Brasil, em janeiro de 2013:

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70 anos de Banco do Brasil

Em 4 de dezembro de 1941, terminei o curso ginasial, no Ginásio Brasileiro (ex-Colégio Americano), em Copacabana, que me deu boa base para enfrentar a vida.

Naquela oportunidade, disse a meus pais que queria interromper os estudos, pelo período de um ano, a fim de preparar-me para fazer concurso para o Banco do Brasil.


O capitão Kepler entre oficiais durante evento no Instituto de Geografia
e História Militar do Brasil, onde recebeu uma medalha comemorativa

No princípio, eles relutaram em aceitar, mas acabaram cedendo.

Em seguida, estudei datilografia, estenografia e inglês na Escola Pratt, em Copacabana, para melhorar meus conhecimentos.

Através de um tio, consegui um emprego no Banco Holandês Unido, no Centro da cidade (de 1.º/9/1942 a 10/2/1943), recebendo o salário mensal de trezentos mil réis.

Aí tive novos conhecimentos.

Comprei um livro de contabilidade bancária e, durante três meses a fio, enfurnei-me dentro de casa, saindo apenas para trabalhar.

Estudei, sozinho, de segunda-feira a domingo.

Em 9 e 10 de janeiro de 1943, sábado e domingo, com apenas dezoito anos de idade, prestei concurso de escriturário para o Banco do Brasil, na época, um dos melhores empregos.

Os bancos funcionavam aos sábados, das nove ao meio-dia.

Se não me falha a memória, as matérias do concurso foram Português, Aritmética, Francês, Inglês, Datilografia, Contabilidade Bancária e, optativamente, Estenografia.


Cartão de Páscoa enviado aos pais
de uma cidade italiana, em 1945

Grande foi a minha surpresa, quando recebi, em casa, uma carta do Banco do Brasil, solicitando meu urgente comparecimento à Direção Geral, na Rua 1.º de Março – Centro, onde hoje funciona o Centro Cultural Banco do Brasil.

Quase caí de costas de tanta alegria!

Tomei posse no dia 13/3/1943, no Departamento de Câmbio, recebendo o salário mensal de 600 cruzeiros.

Um ano depois, em 12/3/1944, fui convocado para servir a gloriosa Força Expedicionária Brasileira (FEB), embarcando em 22 de setembro de 1944, rumo a Nápoles, na Itália.

Terminada a guerra, regressei ao Brasil em 18/7/1945.

Imediatamente, apresentei-me ao Banco do Brasil, tendo sido lotado na Assistência Jurídica (depois Departamento Jurídico), na Carteira de Crédito Agrícola e Industrial, onde permaneci, até me aposentar em 21/5/1973, depois de 30 anos, 2 meses e alguns dias de atividades.

Reiniciei meus estudos no Curso Clássico (2.º ano) e, logo em seguida, em 1.º/3/1946, ingressei na saudosa Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (hoje UERJ), na Rua do Catete, colando grau em 15 de dezembro de 1950.

No Banco do Brasil, segui a vida normal. Fui escriturário, durante dez anos, e advogado, durante vinte anos.

Sou sócio efetivo da AABB-Rio, desde 8/6/1943 e sócio-proprietário, desde janeiro de 1956, aposentando-me como Advogado da letra H, última do quadro, em 21 de maio de 1973.

Ali aprendi muito, fiz excelentes amizades e convivi com a nata da cultura jurídica do país, encerrando minha carreira bancária.

Desta grande Escola guardo as melhores recordações de minha vida, tendo muito orgulho e honra de pertencer a essa maravilhosa família bancária.

Em 13 de fevereiro de 2013, completarei setenta anos de Casa e terei 89 anos de idade. Queira Deus que eu chegue lá.

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Infelizmente, tio Kepler não chegou ao dia 13 de fevereiro...

Mas o que importa é que, ao partir deste mundo, ele deixou saudades e uma história de vida admirável.

Descanse em paz querido tio...

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