Quarta, 01 Mai 2024

O mais recente exemplar da “Revista de Marinha”, de Lisboa, Portugal, muito bem dirigida pelo seu diretor, capitão–de-mar e guerra Gabriel Lobo Fialho, traz um artigo superinteressante, intitulado: “Destino: Sucata”.


No calçadão da Ponta da Praia, em Santos, o autor na

companhia do diretor da Revista de Marinha, comandante

 Gabriel Lobo Fialho, durante visita ao Brasil.

(Reprodução: Foto L. J. Giraud)

 

Trata-se de artigo que cita navios famosos encaminhados recentemente para o desmanche.

Entre eles, os nossos conhecidos Brasil e Argentina, que receberam diversos nomes, além de vários outros que estão no aguardo de decisão judicial ou compradores para este humilhante fim, como o caso do transatlântico de cruzeiros marítimos Norway, o ex-France, da armadora francesa Compagnie Generale Transatlantique, mais conhecida como a French Line.

Esse navio de passageiros é protagonista do livro “S/S France – S/S Norway”, dos autores Bill Miller e Luís Miguel Correia, obra recheada de belíssimas ilustrações, mostrando as duas épocas desse que foi um dos transatlânticos mais famosos do Planeta.

 


Foto noturna do fabuloso transatlântico norueguês
Norway, ex- France. No momento, ele se encontra em
Bremerhaven, Alemanha, no aguardo da viagem que o
levará à Índia, onde será demolido.
(Reprodução: Acervo L. J. Giraud)


Em abril de 2003, tive o privilégio de ver esse famoso navio atracado no terminal de passageiros do Porto de Miami, Flórida, Estados Unidos.

Na oportunidade, embarquei no Voyager of the Seas, na companhia de minha esposa Creusa e de mais três casais amigos, cujo roteiro foi pelo Caribe durante sete dias.

No retorno a Miami, notei que nas proximidades do Norway havia um grande aparato policial com lanchas da Guarda Costeira e vários helicópteros da polícia local. Todos que presenciavam a cena pensavam tratar-se de atentado terrorista.

Na realidade, houve explosão em uma das caldeiras de bordo, onde, infelizmente, faleceu um dos tripulantes.



No Terminal de Passageiros da Concais, de Santos,
o autor (ao centro) na companhia de Luís Carlos
dos Santos (à esquerda), gerente da Concais, e do
escritor português de transatlânticos Luís Miguel
Correia, momentos antes do embarque de retorno
a Portugal no navio Island Escape – 11 de março de
2005. (Reprodução: Foto L. J. Giraud)

 

O jornalista Armando Akio também teve oportunidade de avistar o Norway em 1990, atracado no Porto de Miami. Segundo Akio, "o casco escuro chamava a atenção em meio a cisnes brancos". Em tempo: a maioria dos navios de passageiros tem casco de cor branca.

Segundo a Revista de Marinha, o Norway foi construído em Saint Nazaire, França, em 1962.

Atualmente, o navio está imobilizado em Bremerhaven, Alemanha, e foi vendido para demolição por 15 milhões de euros a um estaleiro da Índia, para onde seguirá brevemente.



Visão aérea do Edinburgh Castle, ex-Eugenio

Costa, em Liverpool, Inglaterra, já descaracte-

rizado das cores originais das suas chaminés.

Parecia ser até outro navio – 1997. (Imagem

enviada por Sergio de Oliveira, atualmente

radicado na Alemanha)

Um outro navio, que nos interessa mais ainda é o Big Red Boat II, que, na realidade, é o nosso velho conhecido Eugenio Costa, que navegou pelas costas brasileiras entre 1966 e 1995, e foi eleito pelos admiradores de transatlânticos, como “o mais querido dos brasileiros de todos os tempos”.

Até hoje, o Eugenio Costa (antigo Eugenio C) é sempre lembrado pelos que o conheceram e nele viajaram, como: Beto Mansur (ex-prefeito de Santos e ex-deputado federal), José Carlos Rossini, José Carlos Silvares, Michel Fares, Emerson Franco R. da Silva, Benê Siqueira, Edson Lucas, entre muitos dos seus viajantes.

 

A última visão do Eugenio Costa, vista pelo autor de
bordo do Funchal, no Porto de Buenos Aires – 1996.
(Reprodução: Foto L. J. Giraud)


O Eugenio C, ou melhor, o Eugenio Costa, ostentava até recentemente no casco o nome Edimburgh Castle até ser vendido para a Premier Cruises, que passou a chamá-lo de Big Red Boat II.



O Eugenio Costa, deixando o Porto de Santos rumo
a Buenos Aires em viagem de cruzeiro marítimo durante
a penúltima passagem pela Cidade – 25 de fevereiro
de 1996. (Reprodução: Foto Julio Augusto Rocha Paes)

 

Da minha parte, ficou uma frustração: a de nunca ter viajado no Eugenio Costa, e oportunidades não faltaram, mas adiava a viagem, pensando que o belo navio nunca deixaria de nos visitar.

Infelizmente, em 1996 aconteceu a derradeira despedida da Cidade, que sempre o acolheu entusiasticamente.

Naquele ano de 1996, fiz um cruzeiro no simpático Funchal, no retorno de Buenos Aires a Santos. O Eugenio Costa estava atracado pela proa do Funchal.



A triste e deplorável imagem do ex-Eugenio Costa,

atual Big Red Boat II, no Porto de Hamilton, Bahamas,

enquanto aguardava decisão judicial que determinaria

o seu destino. Uma observação: a cor do casco, em tom

vermelho, não combina com o design do transatlântico.

(Imagem de José Carlos Silvares)

 

A Premier Cruises, que foi proprietária do Rembrandt, que diga-se de passagem, fez muito sucesso nas temporadas em que aqui participou, veio a falir e o Big Red Boat II, finalmente seguiu para o seu destino final: o corte em um estaleiro da Índia.

O Eugenio C foi o mais rápido navio de passageiros a fazer o percurso Lisboa-Rio em viagem inaugural: em oito dias e algumas horas, com a velocidade média de 27 nós (50 quilômetros horários).

Poucos são os transatlânticos do passado que não foram encaminhados para estaleiros sucateiros.

Vale lembrar que o primeiro Queen Mary encontra-se preservado desde 1967 na Cidade de Long Beach, Califórnia, onde funciona como centro de convenções, hotel e centro de lazer.

O Rembrandt, ex-Rotterdam, segundo comentários, foi adquirido pela cidade holandesa de Roterdã, onde terá várias atividades para o público, o que é muito digno para um navio que levou o nome da Holanda pelos sete mares.

Veja mais imagens:


O transatlântico Rembrandt, ex-Rotterdam, da
Holand American Line, foi um dos navios que mais
fizeram sucesso nas temporadas passadas de
cruzeiros marítimos no Brasil. Atualmente é pro-
priedade da cidade de Roterdã. (Acervo L. J. Giraud)


Um dos poucos transatlânticos dos anos dourados que
se encontram preservados é o majestoso britânico Queen
Mary (o primeiro), de 1936, que chegou a ostentar a fita azul
(o mais rápido na travessia do Atlântico Norte). Atualmente
é hotel flutuante e centro de convenções na cidade cali-
forniana de Long Beach. Cartão-postal adquirido a bordo
do transatlântico. (Reprodução: Acervo L. J. Giraud)



À esquerda o prático Gerson da Costa Fonseca,
atualmente aposentado, aqui visto na companhia do
historiador e pesquisador marítimo José Carlos Rossini.
Gerson foi um dos práticos que mais manobraram o
Eugenio C no Porto de Santos, na época dourada dos
navios de passageiros. Naqueles tempos, Santos fazia as
vezes dos aeroportos: todos os passageiros de viagens
internacionais que demandavam São Paulo ou o Interior
do Estado invariavelmente passavam pela Cidade.
(Foto L. J. Giraud, clicada em 1998)


Laire José Giraud
é:
- Despachante aduaneiro
- Colecionador de cartões-postais de Santos e de transatlânticos antigos
- Colaborador da Revista de Marinha de Portugal
- Colaborador do Jornal A Tribuna de Santos
- Em 21 de janeiro de 2004 lançou o livro “Transatlânticos de Cruzeiros Marítimos – O Passado no Presente”
- É autor do livro “Transatlânticos em Santos 1901/2001”, lançado em novembro de 2001
- Relançou em 2000 a obra “Santos e a Cia. das Docas – 1904”, como parte das comemorações do 5.º Centenário do Descobrimento do Brasil
- É co-autor de “Memórias da Hotelaria Santista” (com as jornalistas Helena Maria Gomes e Viviane Pereira), de 1997
- É co-autor de “Photografias & Fotografias do Porto de Santos” (com José Carlos Rossini), de 1996.

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