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“O posto oficial de observação (chegada e saída de navios) era o da praticagem – subordinado ao Ministério da Marinha. Ambos os postos serviram muito bem a comunidade marítima de Santos, mormente durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).”
“Assim que entrei na Praticagem, notei que havia um certo desentendimento entre a Praticagem e alguns profissionais.”
“Não sei se os que não pertenciam à Associação dos Práticos possuíam carta de habilitação fornecido pela Marinha do Brasil.”
O Cap San Marcos, da armadora germânica Hamburg-Sud, foi um
dos vários navios conduzidos por Gerson ao longo de seus
38 anos de profissão. Foto: J. C. Rossini.
“O fato é que se tornou um clima de hostilidade entre as duas partes, ou seja, práticos individuais contra práticos da Associação.”
“Procurei conciliar ambas as partes, o que estava um tanto difícil. Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra em 1942, a Marinha de Guerra chamou a si a responsabilidade dos serviços de praticagem.”
“Sendo assim, os indivíduos, ou entravam para a corporação, ou deixavam de ser práticos individualmente.”
“Devido a esse fato, houve um tempo de paz no seio da Praticagem, embora o País estivesse em guerra. – à noite o black-out era total.”
“Nesse período, íamos receber navios no escuro e o trabalho era escasso.”
“Fundeávamos navios entre a entrada do Rio das Neves (entrada do Canal da Cosipa).”
“Chegamos a fundear naquela proximidade mais de 35 navios em formação de comboios de guerra.”
“Algumas vezes, por falta de espaço, a Companhia Docas de Santos autorizava atracação de navios a contrabordo (ao lado de outro), com exceção de navios atracados na Ilha Barnabé, local de depósito de gasolina e querosene.”
“Os submarinos alemães vigiavam a nossa costa para torpedear navios com víveres para os aliados.”
“Certa vez um submarino alemão perseguiu o navio Campos, do Lloyd Brasileiro, e acabou atacando o Campos, na altura do Rio Bertioga.”
“A bordo estava Kurt Stein, irmão do prático Carlos St, o qual foi procurá-lo quando soube da notícia, no rebocador Netuno da Wilson,Sons. Kurt conseguiu se salvar.”
Estas são algumas das inúmeras reminiscências de Gerson da Costa Fonseca, que foi presidente da Praticagem santista em diversas oportunidades, nunca deixando, porém, de manobrar e conduzir navios.
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A coluna Recordar do Portogente congratula-se com a Revista de Marinha, de Portugal, pela comemoração de seus 75 anos de existência. Uma verdadeira dádiva, pois poucas revistas no mundo chegam a completar essa idade.
Parabéns ao Almirante Alexandre da Fonseca, seu atual editor e diretor, que deu um novo vigor à espetacular revista que conta tudo sobre o que é ligado ao mar. Parabéns, também, à dinâmica equipe da RM.
Vale lembrar que a Revista de Marinha foi fundada em 31 de janeiro de 1937 por Maurício de Azevedo, como continuidade garantida pelo comandante Gabriel Lobo Fialho - ambos falecidos.
À sempre jovem Revista de Marinha, muitos anos de vida!