Quinta, 02 Mai 2024

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A procura não era das maiores, embora tivessem muitos passageiros a bordo naquela viagem.

No dia aprazado, saí do ministério no horário normal e me dirigi à doca do Lloyd, ali a poucos metros da Praça Quinze de Novembro (no Rio de de Janeiro).

Não enfrentei condução apertada para casa no dia.


A preferência de Leonardo em relação aos Cisnes Brancos era
pelos transatlânticos Anna Nery e Rosa da Fonseca. Acima, é possível
ver o Anna Nery com o emblema do Lloyd Brasileiro na chaminé. Óleo
sobre tela de autoria do shiplover Anonio Giacomelli. Col. do autor.

A partida dele, embora acredite que ninguém ainda tivesse se dado conta dos perigos, era um pouco complicada, pois ao desatracar da doca, e se dirigir para a baía, tinha de passar pela cabeceira da pista do Aeroporto Santos Dumont, e os Electras vindo de São Paulo tinham de arremeter, para não arrancar o mastro do navio... nem tirar um pedaço da chaminé...

Coisas do Brasil, mas nunca soube que algum avião tivesse feito “bingo” naquele trecho, mas já havia pilotos com dores de barriga.

Se a ponte já era um problema, imagine um navio, com seus mastros e chaminés, em movimento, bem no caminho das aeronaves.

Não me recordo o que comi no jantar, mas foi algo gostoso, pois não me lembro ter saído falando mal.

Pegamos mar de almirante, vimos um bom filme no salão, música suave e me senti indo de Oslo para Copenhague.


O cartão-postal mostra como era a cidade de Santos que Leonardo
viu em 1967. Col. do autor.

Na manhã seguinte, quando amanheceu, pouco antes de passarmos por Ilhabela e São Sebastião, o Sr. Comandante, ao invés de passar ao largo da ilha, como seria natural, resolveu nos brindar, embicando a proa [frente] para  uma passagem pelo Canal de São Sebastião, onde tivemos à nossa direita a cidade de São Sebastião e à nossa esquerda Ilhabela. Cenário fantástico!!!

Passamos por ali, com velocidade normal e apitando freneticamente, e os poucos passageiros madrugadores que nem eu tiveram um maravilhoso espetáculo lá da ponte de comando, só repetido agora, em novembro de 2011, quando cruzei, no Evangelistas, ferryboat chileno, da companhia Navimag, os indescritíveis fiordes daquele país, só que naquele canal paulista não havia neve em abundância.

Após um farto breakfast, tivemos aquela bela vista do Estuário santista, e atracamos no Porto de Santos, e fui dar meus passeios já típicos na bela cidade.

Após o almoço a bordo, pois não iria perder o do navio, saí para visitar uma família amiga, ex-vizinhos meus de Jacarepaguá, e com eles pude conhecer um pouco mais da Cidade de Santos.

No domingo, mais alguns passeios ali por perto e, após o almoço no navio, embora tendo sido convidado para almoçar na casa desses meus amigos, não quis perder aquela boa oportunidade de mais um almoço a bordo, com um mínimo de passageiros. Os demais devem ter ido comer camarão e peixes na orla marítima...

Assim mesmo, convidei meus amigos para conhecer o barco, realmente digno de ser visto em detalhes, se bem que sempre preferi o Rosa da Fonseca e o Anna Nery.

Zarpamos à noitinha, e mais um belo jantar seguido de um calmo mar de almirante, e amanhecemos na altura do Recreio dos Bandeirantes, na costa carioca.

Ali ocorreu um pequeno problema. Um dos motores do barco quebrou e ficamos à deriva, [o navio] surto no meio do oceano, com as âncoras lançadas.

O que se tinha a fazer era aproveitar ao máximo as piscinas, numa convidativa manhã de sol, e assim, sacrificando-me, foi feito.

Tinha uma reunião marcada para a manhã com o secretário geral do ministério, mas resolvi não ir a nado para terra.

Não foi “mea culpa”, e sim a falta de conservação que era comum em todos os quatro navios.

Literalmente, deixei o “carro correr” e aproveitei aquelas férias que me foram, extraoficialmente, proporcionadas pelo Lloyd Brasileiro. Nada mal! Nada de esquentar a cabeça com coisas sem importância.

Passamos o dia todo em alto-mar, vendo os peixinhos mais diversos, e à noitinha pudemos atracar tranquilos nas docas, de onde saímos anteriormente.

Na terça-feira me desculpei ao meu chefe, jogando a culpa no Lloyd Brasileiro, pois este pertencia ao Ministério dos Transportes, e eles que se entendessem...

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