Domingo, 05 Mai 2024

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A América é, indubitavelmente, o último refúgio da terra, o último campo de ação do capitalismo, da glória e da alegria de viver. Enquanto me absorvo nestes pensamentos, as palestras se animam. A diretora social do navio, loira, alta, desenvolta, apresenta os passageiros entre si. Aproxima-se a noite. O tempo, lá fora, é ventoso. A orquestra toca “fox-trots” e valsas. Leio o nome de vários conhecidos que ainda não encontrei. Por estes dias terei o prazer de apertar-lhes a mão. Ao fim do banquete, um passeio na coberta. Rose, uma das senhoras de Campinas, convida-me a passear. Vem-me o pensamento de que quer fazer exercício para não engordar. Duas voltas e nos apoiamos à amurada. “A lua – diz ela – o mar e...” Fica um instante em silêncio e eu me julgo no dever de acrescentar... “e a senhora”. “E nós”, corrige ela. Em outros tempos isto me pareceria romântico. Agora, sorrio e esclareço: “A senhora só. Eu sou um homem casado...” “Que importa?” – ela replica, com um sorriso. Convido-o a ir ao salão. A orquestra acompanha o cantor. O público fá-lo refletir. “O amor está me chamando”.

 

Bailes a luz da Lua

Ouço com pena e saudades as músicas de há vinte anos, os “fox-trots” do fim da outra guerra: “Chá para dois”, “Smiles”, etc. A noite dança-se na coberta. Vem do mar uma brisa suave. A lua resplandece no céu. Olho em volta, como se visse acontecimentos de ontem. As músicas são as mesmas. E os homens e as mulheres, também, são os mesmos, com vinte anos mais. Aqueles jovens e aquelas moças de vinte anos têm hoje, quarenta, estão mais  envelhecidos. Com a diferença de que seus trajes ganharam em luxo. Seus “smokings”, então pretos, agora são brancos.

 

O norte-americano S.S. Brasil, da Moore McCormack Lines,
adquiriu
logo após sua viagem inaugural para a América do
Sul em 1958,
distinção particular entre os passageiros que se
dirigiam para os Estados Unidos. Acervo: Laire Giraud.

 

Nos bailes de coberta, à luz da lua, dançam pares de todas as idades. Harmonia de cores e de canto. Homens de cabeça branca têm nos braços jovens de vinte anos. Mulheres que são avós dançam, vaporosas e loiras, incansáveis, com os dançarinos mais hábeis. No mundo de hoje não há mais velhos, nem há mais jovens.

 

Para que a nossa imaginação nos leve descontraidamente aos ambientes dos navios, vamos ilustrar o artigo mostrando um salão de jantar num ambiente de esplendor, uma festa de muita alegria, bem como navios brancos, de épocas passadas, no período entre 1930 e 1970. Justamente a alvura de alguns navios fazia com que muitos passageiros gostassem de passar o Ano Novo a bordo, cujo branco está associado à passagem ao novo.

 

Cena do salão de jantar do navio
italiano
Conte Grande, durante
celebração de gala
(1933).
Acervo: Laire José Giraud

 

Com uma aura mágica, que sempre esteve presente nos navios que honraram e continuam honrando a Cidade de Santos, a coluna Recordar convida os leitores para um cruzeiro simbólico e um brinde de champagne, como se estivéssemos em uma grande festa de Réveillon a bordo do navio do seu coração, onde transborda alegria.

Aos amigos e leitores, os votos de um feliz e venturoso 2012, com muita saúde e realizações, e que Deus Todo-Poderoso esteja sempre presente em todos os dias de nossas vidas no novo ano.

A todos, um Feliz Ano Novo.

Mais imagens


Nos anos 50, a bordo do italiano Augustus, uma recepção
de gala,
onde é visto entre os cavalheiros de smoking, João
Fraccaroli (de summer) e sua esposa Sra. Leonilda. 
Acervo: Lena Penteado Caldas


Na passagem de ano de 1965 para 1966, vemos Ézio Begotti
em plena diversão no salão de festas do transatlântico
espanhol Cabo San Roque.
Acervo: Ézio Begotti


O francês esquecido Pasteur, como disse o amigo Wanderley
Duck, aqui lembrado na sua alvura e beleza, que o
caracterizava – anos 60.
Acervo: Laire José Giraud


Cartão-postal da Costa Cruzeiros
enviado aos hóspedes de bordo no
Natal das Flores de 2002, no navio
Costa Clássica.

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