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O primeiro a desatracar foi o Augustus, por volta das 17 horas. A despedida foi emocionante, com troca de apitos de despedida dos transatlânticos, acenos dos passageiros e dos que se encontravam no cais!
Do convés do Vera Cruz, dava para notar a presença do prático Edmar Botto de Melo – nosso vizinho na Avenida Almirante Cochrane – com o chapéu típico, bastante usado na época!
Uma outra recordação do pomposo Augustus foi na companhia do meu tio Fedro Mesquita Guimarães, para a despedida de uma senhora portuguesa, de apelido Dona Zizinha – ela retornava no Santa Maria à pátria de origem, a querida Portugal, após viver muitos anos no Brasil!
O transtlântico italiano Augustus, nosso velho conhecido, teve
um passado glorioso: sobreviveu por 60 anos. A imagem mostra o
navio encalhado numa praia de Alang, pronto para o desmantelamento.
Imagem: Emerson Franco R. da Silva
Muitas agradáveis lembranças tenho do Augustus...
Mas prefiro contar um pouco mais através de um texto que escrevi anos atrás sobre o inesquecível navio e de uma lembrança do comandante e amigo Wanderley Duck – uma verdadeira fonte inesgotável de boas recordações!
Fica aqui a lembrança do Augustus, que brindou a rota de ouro e prata por mais de 20 anos – o célebre Augustus!
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E-mail de Wanderley Duck:
O epitáfio é do Augustus, o navio da Italia di Navigazione que, junto com o seu irmão Giulio Cesare, durante muitos escalou em Santos e no Rio de Janeiro, levando e trazendo os oriundi que realizavam o desejo de visitar a Itália dos seus ancestrais.
Como eu também nasci no mesmo ano que ele, 1952, fico aqui pensando quando será a minha vez de também ser abicado em Alang.
É triste pensar nele sendo atacado por aquele exército de vermes com maçarico e marreta na mão, por aquela multidão de trabalhadores em andrajos que vão transformar todo o seu ferro em simples histórias e recordações de uma era de ouro que não volta mais.
Quem me mandou esta foto dele chegando em Alang para ser demolido foi o nosso amigo Emerson e aí então eu fui buscar um pouco mais de informações sobre este final tardio dele.
Digo final tardio porque, como vocês sabem, ele só sobreviveu porque virou hotel e restaurante flutuante nas Filipinas, se não há muito tempo que já teria sido transformado em sucata.
Sources in Manila and India confirm that the 1952-built MS PHILIPPINES (ex AUGUSTUS) has left under tow for Alang. The ship was reportedly stripped of fittings and furnishings prior to departing her Manila moorings and is in an undisclosed location awaiting the arrival of a second tug for the 4,000 nautical mile journey to the breakers beach. The former AUGUSTUS, which was sold to her last owners in 1975, was berthed at the Manila Hotel and used as an occasional venue for weddings and parties between 1999 and 2011 but the venture was not a success and the historic ship was finally sold for scrapping earlier this year.
Eu nunca viajei nele, só uma vez e por uma única noite viajei no irmão dele, no Giullio Cesare, quando a então Italmar criou uma espécie de ponte marítima entre Santos e o Rio de Janeiro, era uma viagem noturna de algumas horas, concorrendo com o trem noturno da Central do Brasil que havia na época, só mesmo para matar a vontade dos oriundi que não tinham condições de viajar nele até a Itália.
Durou pouco essa ponte marítima, até porque a classe média tupiniquim que chegou a experimentá-la estava mais interessada na boate do navio e em comprar cacarecos importados nas lojas que haviam a bordo do que em qualquer outra coisa.
1952-1976: Augustus
1976-1980: Great Sea
1980-1983: Ocean King
1983-1985: Philippines
1985-1987: President
1987-1999: Asian Princess
1999-2011: Philippines