Sábado, 27 Abril 2024

Evito escrever sobre acidentes marítimos, principalmente quando há perdas de vidas humanas. Prefiro contar fatos mais alegres de embarcações de todos os tipos e todos os tempos.

Apesar da minha preferência, não posso deixar de relatar certos acontecimentos tristes, como a tragédia ocorrida com o rebocador de alto-mar Guarany, da Marinha do Brasil, em 1913.


Imagem rara do rebocador Guarany, no Rio de Janeiro, vítima da
tragédia ocorrida no dia 03 de outubro de 1913, após abalroamento
com o cargueiro Borborema, da companhia Lloyd Brasileiro. Tinha
42 metros de comprimento. Col. do autor.

O Guarany era contemporâneo do rebocador Laurindo Pitta, este uma relíquia da Marinha que sobrevive ao tempo!

Para recordar esse triste episódio da História da Navegação no Brasil, transcrevo texto do livro Sinistros Marítimos – Costa do Estado de São Paulo – 1900/1999, de autoria do pesquisador e escritor marítimo José Carlos Rossini, radicado em Genebra, Suíça.

Na obra, Rossini narra as principais tragédias ocorridas no Litoral Paulista, como o naufrágio do navio Príncipe de Asturias (1916), em Ilhabela (Litoral Norte do Estado de São Paulo), e os incêndios dos cargueiros Austral (1966) e Ais Giorgis (1976), ocorridos em Santos.


O poderoso encouraçado São Paulo, da Marinha do Brasil, tinha
165 metros de comprimento. Fazia par com o Minas Gerais. Ambos
tinham características similares. Aqui visto em Santos, em 1910.
Coleção do autor.

Eis o que conta Rossini:

Para a realização de manobras de alto-mar, saiu de sua base no Rio de Janeiro, em 1.o de outubro de 1913, a Esquadra da Marinha de Guerra do Brasil composta dos seus dois grandes couraçados, o São Paulo e o Minas Gerais, e por outras unidades menores (cruzadores, contratorpedeiros e navios auxiliares).

Segundo programa estabelecido pelo Estado-Maior, era o próprio ministro da Marinha na época, o almirante Alexandrino de Alencar, a comandar a Esquadra.


Capa do convite do lançamento do encouraçado Minas Gerais,
ocorrido em 10 de setembro de 1910. Sua tripulação era de
aproximadamente 1.000 homens. Col. do autor.

Esta deveria proceder uma série de exercícios de simulação e treinamento no trecho de mar compreendido entre as ilhas de São Sebastião e Alcatrazes.

O início dessas manobras estava previsto para noite do dia 3 e as mesmas deveriam prolongar-se no decorrer de todo o dia. Na manhã do dia seguinte a Esquadra deveria aportar em Santos, onde autoridades civis e militares haviam previsto a realização de diversas homenagens aos homens da Marinha, com grandes manifestações populares de júbilo.


O contratorpedeiro Pará, construído na Inglaterra em 1908. Fazia
parte de outros semelhantes: Alagoas, Amazonas, Mato Grosso,
Parahyba, Paraná, Piauhy, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e
Sergipe. Media 73 metros de comprimento. Col. do autor.

Clique aqui para ler a segunda parte deste artigo.

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