No livro Bandeira nos Oceanos, de 2000, que conta a história de uma das maiores armadoras do mundo – o Lloyd Brasileiro, empresa estatal extinta no final do século passado –, o escritor e pesquisador marítimo José Carlos Rossini informa que no pós-guerra o Lloyd Brasileiro se encontrava com uma frota de 69 embarcações, totalmente obsoleta.
* Recordando o Lloyd Brasileiro
* Um dia do Lloyd Brasileiro no Porto de Santos
A frota contava com muitos cargueiros construídos no início do século XX. E até havia um do final do século XIX, o Campos Salles, demolido no começo da década de 1960.
A bandeira de uma das maiores armadoras do
mundo, que foi o Lloyd Brasileiro. Essa bandeira
ficou conhecida pelos mares do mundo. Presente
de um ex-tripulante do Lloyd Brasileiro, Roberto
Botte, falecido em 2003. Acervo do autor.
Na época, as necessidades do transporte marítimo brasileiro constituíam um sério problema para o País.
Com um território tão vasto e ampla costa marítima, mas com deficiente malha ferroviária e rodoviária, o Brasil necessitava renovar a frota mercante para estimular o desenvolvimento.
Pintura óleo sobre tela de um dos navios da série Nações das
Américas, o Lóide América (1947-1969), o primeiro lançamento da
série. Pintura de Antonio Giacomelli. Col. do autor.
Consciente dessa grande e primordial necessidade, o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra e a Comissão de Marinha Mercante já haviam decidido, antes até do final da Segunda Guerra Mundial, encomendar cargueiros a estaleiros dos Estados Unidos e Canadá – países que construíram muitos navios durante o grande conflito internacional.
Iniciou-se então um período glorioso do Lloyd Brasileiro, com a renovação da frota financiada pela abertura dos cofres públicos e com a colaboração técnica e financeira dos Estados Unidos.
Cartão-postal do Porto de Santos, por volta de 1967, onde é visto
fundeado no Estuário, na altura da curva do Paqueta, o Lloyd
Hait (1947-1969). Col. do autor.
No início do ciclo, o Lloyd Brasileiro adquiriu uma série de quatro navios de pequena capacidade construídos pela Canadian Vickers e destinados ao tráfego da cabotagem.
Essas unidades entraram em serviço no decorrer de 1946, com os nomes de Atalaia, Cabedelo, Barbacena e Alegrete, em homenagem aos navios afundados no decurso da guerra.
Tais unidades, porém, não eram suficientes para fazer frente ao grande desenvolvimento do comércio mundial e da consequente movimentação marítima internacional.
O Campos Salles, cujo lançamento aconteceu no final do século XIX,
foi demolido no início da década de 1960. Era um dos navios da
frota obsoleta do Lloyd Brasileiro no pós-guerra. Col. J. C. Rossini.
Era necessário adquirir navios maiores e mais velozes. Foi assim que no decorrer de 1945 a direção do Lloyd Brasileiro encomendou 20 embarcações para dois estaleiros.
O Canadian Vickers construiu 6 unidades e o estaleiro Ingalls, de Pascagoula, Mississipi, Estados Unidos, 14 cargueiros.
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