Segunda, 30 Dezembro 2024

Na semana que fechou a primeira quinzena de setembro de 2011, tomava uma xícara de café no centenário Café Paulista, na esquina da Rua do Comércio com a Praça Rui Barbosa, no Centro Histórico de Santos, quando de mim se aproximou um senhor, que fez a seguinte pergunta:

– É o senhor que escreve sobre navios?

Respondi que sim.


O Almeda Star fez sua viagem inaugural em fevereiro de 1927.
Deslocava 12.383 toneladas, tinha 163 metros de comprimento
e capaciadade para 180 passageiros em primeira classe. Acervo: João
Emilio Gerodetti.

A seguir, me perguntou se eu conheci os navios da armadora britânica Blue Star Line.

A resposta foi afirmativa.

E contei que havia trabalhado em uma firma exportadora de café na década de 1960, época em que na Rua XV de Novembro e na Rua do Comércio fervilhavam grandes exportadoras do produto, além de bancos, agências marítimas, companhias telegráficas, corretores de café e tudo mais que fosse ligado ao nosso ouro verde.


O Brasil Star foi lançado em 1947. Era um navio misto (carga/
passageiros), com capacidade para 53 passageiros em primeira classe.
Deslocava 10.716 toneladas. Eram seus gêmeos: Paraguay Star,
Argentina Star e Uruguay Star. Foi vendido pra demolição em 1972, 
após 25 anos de bons serviços. Col. do autor.

Acrescentei ainda que levava e retirava BLs (Bill of Lading, em português conhecimentos marítimos) da Blue Star Line.

A conversa me trouxe à memória – e comentei com o meu interlocutor que vi, sim! – os belos navios que marcaram essa grande e famosa armadora na praça cafeeira santista: o Brazil Star, o Argentina Star, o Paraguay Star e o Uruguay Star. Belas recordações!

O referido interlocutor, chamado Carlos, me informou que era aposentado da Companhia Docas de Santos (CDS), trabalhara durante mais de 30 anos na Divisão de Tráfego da CDS e havia visto todos os navios que passaram pelo porto entre 1948 e 1968 – recordou inúmeros!


O escritório da Divisão do Tráfego da Cia. Docas de Santos,
inaugurado no início do século XX, onde Carlos trabalhou por
mais de 30 anos. Coleção do autor.

Para quem não sabe, a Companhia Docas de Santos foi a concessionária particular que administrou e operou o complexo portuário santista durante nove décadas, de 1890 a 1980, quando o controle do Porto passou para a empresa federal Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), atual gestora.

Depois, com ar feliz estampado no rosto, provavelmente pelas recordações, se despediu, dizendo: “até outra vez”.


Capa do livro "Navios e Portos do Brasil - Nos Cartões-Postais e
Álbuns de Lembranças", lançado em 2006 pelos formidáveis escritores
João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo.

Após essa rápida conversa, fiquei a pensar na Blue Star Line e então me ocorreu contar um pouco sobre a armadora.

Clique aqui para acessar a segunda parte deste artigo.

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