Quarta, 08 Mai 2024

Faço um convite aos santistas e aos que visitarem a Cidade de Santos para avistar um morro que fica atrás da Santa Casa de Misericórdia, vizinha ao Centro de Treinamento Rei Pelé, do Santos Futebol Clube (Santos FC), no Bairro do Jabaquara. O local está situado próximo do Túnel Rubens Ferreira Martins, que liga o Centro Histórico aos bairros das praias.
 

Cartão-postal de 1903, mostrando a Pedreira do Jabquara, situada
no morro do mesmo nome. Local de onde saíram os blocos de pedras
usados na construção do Porto de Santos. Col. do autor.

Quando observamos aquele morro atrás da Santa Casa, sequer imaginamos a grande importância que teve para o Porto de Santos.
 
Pois bem, para a construção do cais linear em pedra e cimento, foi necessária uma fantástica quantidade de pedras e grande volume de terra para aterrar os futuros locais de atracações de navios.


Perfuradoras (britadoras) e operários extraindo blocos de pedras para
assentamento da muralha de pedras que delineou o cais santista.
Reprodução do livro Santos & a Cia Docas - 1904, reeeditado pelo autor.

 
Para suprir esse fornecimento, a Companhia Docas de Santos (CDS) – a empresa privada que administrou o porto durante 90 anos, de 1890 a 1980 – utilizou a Pedreira do Jabaquara, de onde retirou do morro de igual nome as rochas necessárias para a obra de grande envergadura. Um imenso desafio, em vista da tecnologia da época!
 
Os pesados blocos de pedra eram transportados da pedreira até o cais em vagões puxados por pequenas locomotivas, de bitola de 0,80 metro.


O Morro do Jabaquara, pequenas locomotivas e a central de
perfuradoras da Cia. Docas de Santos. Reprodução do livro acima
citado - 1902.

Para isso foram lançados trilhos, que cortavam a Cidade desde a pedreira até a região dos Outeirinhos. Os Outeirinhos eram dois pequenos montes que ficavam no local onde hoje funciona o Terminal de Passageiros Giusfredo Santini, do Concais, na altura do Cais do Armazém 25. As pedras do desmonte dos Outeirinhos também foram usadas no aterro do cais.
 
Muitas pessoas ainda se recordam dos trilhos que cortavam diversas avenidas de Santos, como Pinheiro Machado, Bernardino de Campos, Ana Costa, Washington Luiz e Conselheiro Nébias e as ruas Campos Mello, Silva Jardim e Manoel Tourinho, entre outras.


Uma outra visão da Pedreira, onde são vistos vagões com blocos de
pedras, locomotivas e trilhos da ferrovia do Jabaquara, que
atravessavam a Cidade de Santos em direção ao cais em construção.
Reprodução do livro Santos & a Cia das Docas - 1904.

 
A construção da Ferrovia do Jabaquara, no início, foi uma concessão dada a Augusto Mariangelli. Mais tarde, passou para o controle da Companhia Docas de Santos.
 
Não custa lembrar que antes do cais de pedra, os atracadouros nada mais eram que pontes pertencentes aos trapiches. E o cais de pedra, o primeiro do Brasil, foi construído em duas fases.


As heroicas e incansáveis locomotivas de bitola estreita, cujos
préstimos foram de grande valia para a concretização do Porto de
Santos. Reprodução do livro Santos & a Cia. Docas de Santos - 1904.

Clique aqui para ler a segunda parte deste artigo.

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