Peço ao leitor que saboreie as palavras do meu amigo Leonardo, que se refere à Cidade Maravilhosa e ao Porto do Rio de Janeiro:
No meu tempo de adolescente, e lá se vão muitos anos, quando eu frequentava o porto para ver navios, naquela época só tínhamos navios de carreira e não de cruzeiro, só pouquíssimos.
Então, o máximo que via atracado num domingo, por exemplo, eram três grandes paquetes, um indo para Buenos Aires, outro para a Europa e o outro para os States.
Hoje em dia, com essa febre de cruzeiros, já houve num único dia, no Rio ou mesmo em Santos, oportunidade de receberem 9 transatlânticos, com cerca de 100.000 toneladas cada um, quando, no meu tempo, os maiores eram de 30.000 toneladas.
A diferença, olhando cá do cais, é brutal. Você vendo um MUSICA, ou COSTA CONCORDIA, sem falar no QUEEN MARY 2, você não acredita no tamanho deles.
Até mesmo portos que nunca receberam navios grandes, como Rio Grande, São Francisco do Sul, Itajaí, Ilhéus, etc., são premiados hoje em dia.
Os navios brasileiros do meu tempo, e que eu achava imensos na minha ignorância, eram bem velhos e tinham apenas 6.000 toneladas no máximo, e para mim eram gigantes.
Mas eu os adorava e tenho saudades muitas daquela época, quando, aos domingos pela manhã, ia para o porto. Passava lá umas três horas, depois voltava feliz para casa para o almoço. Saudades!!!
Bem, naquela época você podia não só entrar no cais, como visitar os navios.
Hoje, nem no cais você entra mais. Tudo é proibido... Parece que estamos em tempo de guerra, como foi na década de 40.
O que me encantava também é quando eu vinha pela Rua Visconde de Inhaúma e, ao cruzar a Avenida Rio Branco e olhava em direção à Praça Mauá, via a proa de um transatlântico atracado.
Então mudava meu roteiro, e descia a Rio Branco para ver que navio era aquele.
Tinha mil surpresas, muitas vezes era um navio numa viagem inaugural e eu nem tinha ouvido falar nele.
Foi o que aconteceu no final dos anos 50, quando vi a proa de um belo navio de casco cinza e superestrutura branca.
Fui até lá e era o ROTTERDAM, em viagem inaugural, dando a volta ao mundo.
Para a época, e eu ainda jovem, era a coisa mais bela que podia imaginar, e eu ali grudado nas grades do Touring Club, fiz uma promessa a mim mesmo, de que ainda iria viajar naquele belo navio.
Passaram-se muitos anos, e em 1998 vi a propaganda de um navio que eu não conhecia que faria um cruzeiro para Buenos Aires, chamado REMBRANDT.
Bem, era o mesmo ROTTERDAM, só que havia sido vendido para outra companhia, então comprei logo minha passagem, e meu sonho se realizou.
No ano seguinte, fui ainda nele mesmo para Fernando de Noronha, numa viagem de 14 dias.
Simplesmente divino!!!
Com a Graça de DEUS, eu vivi bem nesse planeta e ainda vou viver por muito tempo.