Quarta, 08 Janeiro 2025

Atualmente, já não é mais assim. Os tempos mudaram e surgiram inúmeras novidades, dentre elas a câmera fotográfica digital, modernidade que dispensa em parte os fotógrafos dos navios de cruzeiros.


O simpático S/S BRAZIL da Moore-McCormack, de 1929, que
fazia parte da Frota da Boa Vizinha, em conjunto com o S/S Argentina
e Uruguay. Foi substiuído pelo Brasil (com S) em 1958. Acervo de
Wanderley Duck.

Nos anos de ouro dos transatlânticos de linha regular, de longo curso e cabotagem (pela costa brsileira) não era assim. As câmeras eram caras, maiores, pesadas e de difícil manejo se comparadas às atuais. Essas dificuldades faziam com que a grande maioria dos passageiros marítimos não levassem câmeras fotográficas durante as viagens, situação essa que proporcionava maiores oportunidades aos fotógrafos de bordo.


O italiano Augustus da Italia di Navigazione, gêmeo do Giulio Cesare.
Ambos fizeram muito sucesso na linha de passageiros para a América
do Sul. Acervo do autor.

Para mostrar como essa situação era, a coluna Recordar transcreve abaixo um interessante texto do caderno Porto & Mar do jornal A Tribuna de Santos publicado no longínquo ano de 1953, cuja redação foi de Francisco de Azevedo, o criador da famosa seção, que mantém grande número de leitores há 58 anos. Diga-se de passagem, por lá passaram excelentes editores, que deixaram seus nomes gravados no livro de ouro do conhecido jornal santista: José Carlos Silvares, Hélio Schiavon e Armando Akio. Atualmente seu editor é Leopoldo Figueiredo.


Foto tirada por profissional da fotografia durante jantar a bordo
do Conte Biancamano. Na foto, o cartofilista João Emílio Gerodetti,
autor de várias obras com utilização de cartões-postais. Gerodetti é o menino de costas ao lado dos pais, que estão à sua direita.
Acervo de J. E. Gerodetti.

Vamos ao texto:

Fotógrafos de bordo
Um vapor de passageiros que se preze, também não deixa de ter o seu ou os seus fotógrafos. O desejo de fixar pela imagem fotográfica os melhores momentos de nossa vida, não abandona principalmente o homem em viagem. Um duplo negócio fazem  os profissionais da fotografia conseguindo engajar-se à tripulação de um bom navio de passageiros. Ele nao só pode obter com isso os meios para conhecer o mundo como ainda fazer a sua renda de tirar retratos a bordo, onde, por aquele motivo, a clientela é sempre grande.


A bordo do Augustus, em viagem para a Itália (1953), João Fraccaroli
(de summer) ao lado de sua esposa Leontina. Ele foi um dos principais proprietários do antigo Parque Balneário Hotel, o mais conhecido de
Santos em todos os tempos. Acervo de Lena Penteado Caldas.

Aqueles que visitam os navios atracados nos portos, podem observar o quadro mostruário das fotografias tiradas durante a viagem. Por essa exposição, quando o passageiro já não foi diretamente procurado pelo fotógrafo é  o procurado pelo interessado. Se o navio cruza a Linha do Equador, então há motivos para muito maior número de fotografias das comemorações tradicionais dessa passagem. Entretanto os motivos para os fotógrafos marítimos nunca faltam, muito menos para os que desejam ser fotografados.


Fotografia clicada durante a passagem do Equador, em 12/04/1950,
a bordo de um navio italiano, não identificado. Acervo do autor.

Esse texto que “retrata” esses serviços fotográficos mostra uma fotografia de dois fotógrfos em ação no transatlântico norte-americano, Brazil (com Z), ambos submissos à pose de duas belas louras, passageiras do  marcante navio da legendária Moore-McCormack Lines.


Foto pertecente ao sr. Vilaça (falecido), tirada durante viagem ao
Norte do País, em 1950, a bordo do navio Almirante Alexandrino, do
Lloyd Brasileiro. Acervo de J. A. Rocha Paes.


Fotografia dos oficiais do Almirante Alexandrino, tirado no
salão principal - 1950. Acervo de J. A. Rocha Paes.


Foto de um grupo de excursionistas a bordo do francês Provence,
da armadora Société Générale de Transports Maritimes. Mais tarde,
passou a ser o Enrico C. Acervo do autor.


Carnaval a bordo do espanhol Cabo San Vicente. Na foto em primeiro
plano, está Ezio Begotti, que recentemente nos deixou. Acervo do autor.

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