No livro Rota de Ouro e Prata (1995), obra que conta a história dos principais navios de passageiros que vinham para a costa Leste da América do Sul, de autoria de José Carlos Rossini, dentre vários, há um capítulo dedicado ao navio de passageiros argentino Alberto Dodero, cujas informações repasso de forma reduzida.
Cartão-postal do N/M Alberto Dodero, um dos navios de passageiros
mais conhecidos que escalaram Santos. Media 150 metros de
comprimento. Acervo do autor.
Em 1947, o armador argentino Alberto Dodero, empreendeu viagem pela Europa, onde visitou estaleiros e assinou contratos para o transporte de carnes, frutas e cereais por transporte marítimo.
Assim, o transatlântico Alberto Dodero, recebeu o nome do proprietário da Compania Argentina de Navegación Dodero.
Dentro do conceito do transporte de passageiros por via marítima vale destacar a emigração européia a partir do término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Com a Europa em ruínas, falta de empregos, emigrar para muitos significava sobrevivência, e América Latina era o local ideal.
De 1949 a 1951, a companhia Dodero utilizou 8 navios no transporte
de passageiros, um deles era o Corrientes (Convertido) de 142 metros
de comprimento. Aqui visto no Estuário do Porto de Santos em 1952.
Foto: José Dias Herrera. Acervo do autor.
Portugueses, espanhóis, franceses, italianos, gregos, turcos, sírio e libaneses, partiam aos milhares com destino ao Brasil, Argentina, Venezuela e Chile.
De modo geral não existiam muitos navios disponíveis para emigrantes, e dos países de destino só a Argentina teve interesse em incrementar sua frota mercante para participar do lucrativo tranporte entre a Europa e América do Sul.
Foi assim que entre 1949 e 1951 a Compania Dodero introduziu 08 navios na rota de Ouro (Brasil) e Prata (Argentina), desses navios destacamos,o Presidente Perón, Eva Perón e 17 de Octubre. Outros navios com acomodações modestas eram o Salta e o Corrientes., com escalas em Genova, Nápoles, Marselha, Barcelona, Lisboa, Rio de Janeiro, Montevidéu e Buenos Aires.
O Porto de Santos o início da década de 1950, época em que
muitos passageiros foram transportados pelo Alberto Dodero.
Acervo do autor.
Uma outra linha exclusiva para emigrantes ia de Hamburgo a Buenos Aires, para servi-la foram adquiridos 03 navios que transportavam 750 passageiros na classe turística e 13 na primeira classe, foram os seguintes: Yapeyu (1950), Maipu e Alberto Dodero (1951). Desses navios, o que teve vida mais longa foi o Alberto Dodero, que navegou durante 34 anos em serviços diferenciados. – Foi demolido em 1985.
Em 1955, o governo do presidente Juan Domingo Perón foi deposto e essa mudança levou à criação da Flota Argentina de Navegación Ultramar (FANU) e os navios da Dodero passaram para essa empresa. Em 1962 houve fusão entre a FANU e a Flota Mercante Del Estado (Em Santos o agente era A. Gracioso & Filho), e a nova deominação passou a ser Empresa Linhas Marítimas Argentinas (ELMA).
Em 1969, foi vendido a outra empresa argentina especializada no transporte de animais vivos, a SACIF, e passou a ser o Cormoran, onde foi vendido para os saudistas em 1980.
Anúncio da Agência Brasileira das Linhas Dodero, publicado no
Guia de Santos - 1956. Acervo do autor.
A Dodero possuía em Santos sua própria agência, que funcionava na Rua do Comércio, 40, ela ficava exposta uma maquete do transatlântico Yapeyu, gêmeo do Alberto Dodero. Lá trabalhava na seção de passagens Rubens Silva, mais tarde agente do Lloyd Brasileiro na cidade ( Nautilus).
O despachante aduaneiro Maurino Fuschini Neto, quando menino viajou a bordo do elegante Alberto Dodero. - Seu pai, Domingos Fuschini, foi funcionário de carreira da conceituada Dodero.
Principais características: Tonelagem de arqueação – 11.521; comprimento 150 m; boca (largura) – 19,5 m; velocidade – 18 nós; passageiros 753; capacidade de carga – 309 mil pés cúbicos.
O Yapeyu, gêmeo do Alberto Dodero, foi o primeiro da série
construído em estaleiros holandeses. Viagem inaugural: 1951. Seu
final foi em 1980, quando foi levado para Kaohsiung, onde foi
sucateado. Acervo: J. C. Rossini.