O navio de passageiros português mais conhecido no Brasil nos anos 50 e 60 do século passado, na viagem inaugural, deixou a estação marítima de Óbidos, Lisboa-Portugal, na tarde de 10 de março de 1952, chegando ao Rio de Janeiro no dia 29, em Santos no dia 3 de abril.
Capa da Lista de Passageiros do Vera Cruz -
Viagem 39/1815 - Novembro de 1955. Vinha no
comando O comandante Ambrósio Pereira
Ramalheira; segundo comandante Jorge Ruivo
de Vasconcelos e Sá; chefe de máquinas José
Maria Azedo. Acervo do autor.
Várias autoridades e personalidades portuguesas, estavam a bordo a convite da companhia Colonial de Navegação, entre elas o almirante Gago Coutinho (o primeiro aviador português a cruzar o Atlântico unindo Portugal e Brasil , na companhia do aviador Sacadura Cabral), Francisco Fialho (Pai do comandante Gabriel Lobo Fialho ex-diretor da Revista de Marinha), Enrique Tereiro, além de artistas e jornalistas dos principais jornais de Portugal.
O transatlântico, ao chegar ao Rio de Janeiro teve uma recepção apoteótica com escolta de diversos tipos de embarcações, e atracou no cais da Praça Mauá , onde grande número de populares brasileiros e portugueses assistiam ansiosos a atracação. Isso, causou uma grande emoção no presidente da Cia. Colonial, Bernardino Correa.
Na antiga capital federal aconteceram inúmeras recepções tanto a bordo como em locais diversos do Rio de Janeiro, como o jantar oferecido as diversas autoridades portuguesas, Clube Ginástico Português, no Jockey Clube do Brasil, e um banquete no Palácio do Itamarati.
O Paquete Vera Cruz atracado no cias do estaleiro Cockerill,
Hoboken, Bélgica, em 1952. Fez a linha para Brasil até 1961.
Pintura de Fernando Lemos Gomes. Acervo do autor.
A bordo estiveram o presidente Getúlio Vargas acompanhado da sua esposa Darcy Vargas e de vários ministros, que participaram de um almoço com as autoridades da nação irmã.
Em Santos, o navio entrou e saiu pela orientação do prático Gerson da Costa Fonseca. Sua chegada se deu às 13 horas, e a recepção não ficou devendo nada à recebida no Rio de Janeiro. Várias autoridades da Cidade e do Estado de São Paulo, estiveram a bordo, como o Governador Lucas Nogueira Garcez. Tanto na chegada como na partida o número de populares foi elevado.
O navio podia transportar 1.242 passageiros em três classes, sua tripulação era composta de 350 pessoas. Media 185,75 metros de comprimento e deslocava 21.765 toneladas; velocidade 23 nós (42 km/h).
O Vera Cruz engalonado, passando pela Ponta da Praia, em Santos,
no retorno de Buenos Aires, quando da viagem inaugural - 1952.
Foto: Boris Kauffmann. Acervo do autor.
Tenho uma grande recordação do Vera Cruz, o navio do meu coração, pois tive a honra de ser seu passageiro numa viagem para o Rio de Janeiro, na companhia de meus familiares, no dia 22 de dezembro de 1956,. E com um detalhe: O prático que saiu com o navio foi o meu tio po0r afinidade Gerson da Costa Fonseca, que estava acompanhado do praticante de prático (aprendiz) Alberto Carlos Praça, que a partir de 1957 passou a ser prático.
Um amigo que viajou por duas vezes para Portugal no célebre navio em 1957, foi o menino, hoje jornalista consagrado José Carlos Silvares.
O belo paquete português fundeado no Funchal - Madeira.
Década de 1950. Acervo Dimas Almada.
O belo Vera Cruz, gêmeo do Santa Maria, foi vendido para um estaleiro sucateiro de Taiwan, onde o navio foi demolido e seu material vendido.
Muitas coisas mais poderiam ser ditas sobre o Vera Cruz, mas este artigo não tem a pretensão do contar a sua história, mas sim uma pequena recordação navio português que ficou mais conhecido no Brasil.
O jornal A Tribuna, publicou dois artigos sobre o navio de passageiros, um em 10 de setembro de 1995 de autoria de José Carlos Rossini e Laire José Giraud, e “Vera Cruz” Fazia Viagem Inaugural Há 45 Anos”, assinado pelo então Editor-Adjunto José Carlos Silvares, no domingo 30 de março de 1997.
A maquete do Vera Cruz exposta no Museu de Marinha de Lisboa.
Foto do autor.
Este artigo vai para amigos que sempre recordam do inolvidável Vera Cruz: Cte. Gabriel Lobo Fialho, Silvio Smera, José Carlos Silvares, Alm. Alexandre da Fonseca, Fábio Melo Fontes (prático), Luís Miguel Correa Dimas Almada, José Carlos Rossini, João Emilio Gerodetti, Paulo Lapa, Wanderley Duck e ao casal Isabel e Joaquim, proprietários da banca de jornal que fica ao lado da Prefeitura de Santos, que chegaram ao Brasil no belo paquete. In memorian: José Joaquim Alves da Costa e Gerson da Costa Fonseca.
