Um fato curioso ocorreu no final do século 19, quando eclodiu a Guerra Hispano-Americana, mais precisamente no ano de 1898. Tanto os Estados Unidos como a Espanha necessitavam de navios de combates para reforçar suas esquadras.
Cartão-postal mostrando o grande poderio da esquadra de Tio Sam
no passado. Acervo do autor.
Recordando rapidamente, a Guerra Hispano-Americana, surgiu quando o encouraçado USS Maine foi destruído em Havana-Cuba, então colônia espanhola. Os americanos alegando que a belonave fora sabotada por espanhóis, exigiu que a Espanha desse a Independência de Cuba. Diante da recusa dos espanhóis causou o início da guerra, que terminou em 12/08/1898.
Por encomenda da Marinha do Brasil, naquele ano estavam em construção nos estaleiros britânicos Armstrong, Mitchell & Co, em Newcastle-On-Tyne, os cruzadores Almirante Abreu e Amazonas, gêmeos do segundo cruzador Barroso, e o cruzador auxiliar Nictheroy.
O cruzador estadunidense New Orleans, adquirido da Marinha do Brasil
em 1898, era semelhante ao segundo Barroso, navio escolhido para
ser a primeira estação flutuante de telégrafo sem fio. Acervo do autor.
Vale ressaltar, que o cruzador Barroso (1895-1931) foi a belonave escolhida pela Marinha para receber a primeira estação de telégrafo sem fio no Brasil.
Em vista disso, os Estados Unidos e a Espanha fizeram ofertas vantajosas para aquisição das belonaves brasileira (350 mil libras esterlinas), que já estavam lançadas ao mar, e em fase de acabamentos para fins de incorporações junto à Marinha do Brasil.
A oferta dos Estados Unidos superou consideravelmente a da Espanha, assim os cruzadores foram rebatizados de USS New Orleans, USS Albany e USS Buffalo. A marinha norte-americana batizava seus cruzadores com nomes de cidades. Já os encouraçados recebiam nomes dos estados.
O cruzador Des Moines foi contemporâneo do New Orleans e do
Buffalo, desenvolvia 16,5 nós de velocidade. Acervo do autor.
Segundo informações da obra Picture History of U.S. Navy from Old to New que mostra imagens de belonaves estadunidenses antigas e modernas, havia um quarto navio na operação de compra.
Essa quarta embarcação recebeu o nome de USS Topeka, uma embarcação de 1.180 toneladas, seis canhões de quatro polegadas e desenvolvia quatorze nos. Não era uma grande belonave.
A conhoneira Castine que participou da Guerra Hispano-Americana,
em 1898, era semelhante à Topeka, que supostamente foi vendida
pelo Governo do Brasil aos Estados Unidos. Acervo do autor.
Assim, o New Orleans, o Albany, o Buffalo e a canhoneira Topeka contribuíram na vitória americana no conflito. Por sorte o cruzador Barroso já estava incorporado na Marinha do Brasil, o que evitou sua venda para a U.S. Navy.
No entanto, a Revista Marítima Brasileira, na edição de janeiro/março de 1996, comenta o seguinte: que navio foi este que teria sido vendido pelo Brasil aos Estados Unidos, de cuja construção e venda não existem registros conhecidos em nos arquivos da Marinha do Brasil.
O heróico cruzador USS Brooklin, teve grande participação no conflito, vencido pelos Estados Unidos. Acervo do autor.
Fica aqui a grande dúvida. Será que a canhoneira (Topeka) que estava prestes a ser entregue fazia parte das belonaves encomendas pelo Brasil, ou era destinada a outra nação?
Esclarecendo: por força do Tratado de Paris, Cuba, as Filipinas, Porto Rico e Guan passaram a pertencer aos Estados Unidos. Cuba, logo teve a sua Independência. As Filipinas em 1945. Atualmente só Porto Rico e Guan são territórios americanos
Como podemos notar a Marinha do Brasil é uma fonte inesgotável de histórias e acontecimentos curiosos e interessantes. Sendo esse é um deles.
O segundo cruzador Barroso da Marinha do Brasil, era gêmeo do
Almirante Abreu e do Amazonas, posteriormente passaram a ser o
USS New Orleans e USS Buffalo. Essa belonave foi escolhido para
passar a primeira transmissão de telégrafo sem fio do Brasil.
Acervo do autor.