O transatlântico de bandeira italiana Principesa Giovanna, da armadora Lloyd Sabaudo (surgiu em 1906) foi lançado ao mar em 1926. Juntamente com o Principesa Maria, substituía os antigos Príncipe de Udine e Tomaso de Savoia.
O cartão-postal que representava os dois navios de passageiros
gêmeos Principesa Giovanna e Principesa Maria, que substituíram o
Principe de Udine e Tomaso di Savoia. Todos com nomes da família real
da Itália. Acervo do autor.
Os “principesas” faziam de acordo com as necessidades da sua armadora, as rotas entre a Itália e América do Sul e a Austrália.
O Principesa Giovanna não era um navio de luxo, embora tivesse cabines de primeira, e era mais destinado ao transporte de imigrantes. Sua capacidade era de 1.040 passageiros.
O navio deixou o estaleiro Cantieri Navale Franco Tosi, de Taranto, Itália, em 1926. Media 150 metros de comprimento por 19 de boca (largura), deslocamento de 8.339 toneladas. Tinha 2 chaminés, sua propulsão era fornecida por quatro turbinas a vapor, com 2 hélices, e velocidade de 15 nós (28 quilômetros por hora).
O cartão-postal oficial do Principesa Giovanna da armadora Lloyd
Sabaudo, lançado ao mar em 1923. A mancha branca que aprece na
primeira chaminé é uma nuvem de vapor do seu apito. Acervo do autor.
O transatlântico navegou para América do Sul até 1940, porque, em razão do início da Segunda Guerra Mundial, foi requisitado pelo governo italiano para servir como navio hospital.
Seu retorno à América do Sul ocorreu em 1947, mas ele entrou em Santos com outro nome, San Giorgio, nome alterado em razão de com a nova república, a Itália não queria mais manter lembranças da monarquia, inclusive nos batismos de novas embarcações.
Imagem do Porto de Genova, onde aparece atracado o transatântico
Tomaso di Savoia, gêmeo do Principe di Udine. O navio fez viagem
inaugural para a América do Sul em 11/11/1907. A bordo desse
transatlântico passou por Santos em 1913 rumo a Buenos Aires o famoso
tenor Enrico Caruso. Foi demolido em 1928. Acervo do autor.
Durante cinco anos, o ex-Principesa Giovanna continuou a escalar em Santos, até que em 1952 foi vendido para o Lloyd Triestino e colocado exclusivamente na linha da Austrália.
Em 1953, como não mais atendia às necessidades da moderna navegação, ele foi desmontado em Savona-Itália, terminando assim a história de um navio que trouxe milhares de imigrantes para o Brasil.
Um de seus passageiros foi o advogado Enzo Poggiani, que aqui chegou em 1947, onde foi residir no memorável e fabuloso Parque Balneário Hotel, onde ficou até 1952.
O Conte Rosso que fazia par com o Conte Verde, fez viagem
inaugural há exatamente 88 anos, em 29/03/1922.
Acervo do autor.
Vale dizer que o Lloyd Sabaudo foi proprietário, também, dos famosos transatlânticos Conte Rosso (1922), Conte Verde (1923), em homenagem às cores da bandeira italiana, Conte Biancamano (1925) e Conte Grande 91928), que deixaram seus nomes registrados no livro de honra do Brasil.
No início dos anos 30, o governo de Benito Mussolini resolveu unificar as maiores companhias de navegação com o intuito de evitar concorrência entre elas. As companhias eram N.G. I – Navigazione Generale Italiana, Lloyd Sabaudo Società Anonima di Navigazione, Cosulich – Società Triestina di Navigazione, formando a Flotte Riunite que depois se tornou a conhecida Itália Società Anônima di Navigazione, ou Italian Line.
O fabuloso Conte Grande foi um dos mais notáveis transatlânticos
italianos em todos o tempos. Sua viagem inaugural aconteceu
em 13/04/1928 na linha Genova/Nova York. A primeira viagem para
a América do Sul foi em 1933. Sua última viagem foi em 1961. Era seu
gêmeo o Conte Biancamano. Acervo do autor.
Com a nova denominação a armadora foi proprietária de navios famosos como: Giulio Cesare, Augustus. Andrea Doria, Cristoforo Colombo, Leonardo da Vinci (1960), Michelangelo e Raffaello (1965), e muitos outros.
A linha da América do Sul tinha um grande movimento, tanto que entre 1825 e 1915 tem o registro de entrada no Estado de São Paulo de 1.688.770 imigrantes, sendo 845.818 italianos, 293.916 espanhóis, 260.533 portugueses, 27.545 austríacos, os demais de outras nacionalidades.
O Cristoforo Colombo, fez viagem inaugural em 15/07/1954, na rota
Genova-Napolis/Nova York. Em 1973 foi transferido para a linha da
América do Sul por onde navegou até 1977. Era gêmeo do tansatlântico
Andrea Doria, que naufragou em 1956. Acervo do autor.
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Em tempo
Para os que gostam da História da navegação mercante italiana recomendo que leiam o artigo “Navios Italianos, Deuses dos Mares”, de autoria do jornalista José Carlos Silvares, publicado no livro Transatlânticos em Santos (1901-2001).
Assim era Santos, na época do início do Principesa Giovanna (anos 1920),
mais precisamente no Bairo do Macuco, na época o maior de Santos. Posteriormente foi dividido passando seu territórios a pertencer a outros bairros. Ao fundo os armazéns portuários da Cia. Docas de Santos.
Acervo do autor.
Na reproduçao do livro Transatlânticos em Santos - 1901/2001,
o Principesa Maria navegando pelo Estuário do Porto de Santos
no final dos anos 1.930.