Segunda, 06 Janeiro 2025

O primeiro cartão-postal surgiu há 140 anos, exatamente em 1 de outubro de 1869, segundo o inglês Robert Wall, cartofilista e autor do livro “Ocean Liner Post Cards in Mariner Art 1900-1945”.


Um dos quatro transatlânticos da série Highland, fundeado no
Funchal, Ilha da Madeira. Pintura de Kenneth Shoesmith, o pintor
da Royal Mail Lines. Acervo: Dimas Almada.

No ano seguinte foram introduzidos no Reino Unido, com a mensagem escrita de um lado e o endereço no outro. Coube aos alemães imprimir pequenas ilustrações nos cantos de cada mensagem, na maioria das vezes com algum tipo de anúncio.

As ilustrações foram ganhando mais espaço, mas foi só a partir de 1902 que a imagem tomou conta de um lado todo, ficando no verso a mensagem e o endereço.

Baratos e fáceis de encontrar, os cartões-postais logo começaram a fazer parte de coleções de famílias britânicas no começo do século.


Cartão-postal, com pintura de Charles E. Flower, mostrando a Rua
Rangel Pestana, por volta de 1912. Esses cartões eram distribuídos
aos passageiros da Royal Mail. Acervo: L.J. Giraud.

Desde 1890, quando as companhias de navegação de passageiros passaram a utilizar os cartões-postais como forma de propaganda, eles se tornaram também fonte de renda para diversos artistas franceses, italianos, alemães, norte-americanos, muitos deles especialistas em trabalho marítimo que realizavam verdadeiras obras-primas.

Entre eles, figura o inglês Kenneth Denton Shoesmith (1890-1939), pintor oficial da Royal Mail Line (a Mala Real Inglesa), conceituada armadora britânica. Shoesmith viajou por todo o mundo nos navios da companhia, contratado para fazer os cartões-postais que a armadora oferecia a seus passageiros.


Cartão-postal mostrando a Praça da República, na segunda década
do século passado. Em destaque a estátua do fundador da Cidade,
Braz Cubas, à esquerda o antigo prédio da Alfândega do Porto de
Santos. Acervo: L.J. Giraud.

Passou várias vezes em Santos, onde retratou transatlânticos famosos como o Astúrias, o Alcântara, Highland Brigade, entre outros.

Sete desses raros postais que levam sua assinatura fazem parte da minha coleção particular. Ele imortalizou Santos em fotos que se transformaram em postais.

Tudo isso ajudou a divulgar as companhias e a aumentar a procura pelos postais, como maneira de mandar mensagens para familiares e amigos. Assim, milhares de cartões se espalharam pelo mundo. Muitos deles atualmente pertencem a cartofilistas que não os vendem por dinheiro algum. No mundo inteiro depois do selo, os cartões-postais são o artigo mais colecionado, ficando à frente do colecionismo de cartões telefônicos.


A praia do José Menino em 1905. No postal aparece Hotel
Internacional à direita. O local é nas proximidades de onde
funcionou o Caiçara Clube - atualmente está sendo construído
prédios de apartamentos. Acervo: L.J. Giraud.

Na verdade, os cartões-postais, surgiram em 1869, há exatamente 140 anos, quando o Império austro-húngaro buscava redução nos custos das taxas de correio. Até hoje, quem viaja sempre lembra de parentes e amigos, e faz o envio de um postal, como forma de afeto e admiração.

O cartão-postal deu início ao colecionismo, tornando a cartofilia um fenômeno na Europa até a década de 1930, mas sua produção caiu e, somente por volta de 1960, voltou à cena, em função do valor histórico.

Os temas colecionáveis são os mais variados, como aviação, navios, igrejas, estádios de futebol, hotéis, entre outros.


A conhecida Praça Ruy Barbosa, antigo Largo do Rosário, sempre
dinâmica. No postal além de pessoas da época, aparece ao fundo o
Cine Politheama Rio Branco e a Igreja da Nossa Senhora do Rosário - 
1912. Acervo: L.J. Giraud.

Eis alguns dos principais colecionadores do País: João Emilio Gerodetti, Rubens Santos Marini, José Carlos Daltozo, Monsenhor Jamil Nassif Abib, Edson Lucas, Silvio Roberto Smera, Eduardo Szazi, Clóvis Gonzalez, Maria Egantina de Azevedo Rezende, José Carlos Silvares, Maria Cecília F. M. da Silva, Samuel Gorberg, João da Silveira, Apparecido Sallatini, Otávio do Espírito Santo Filho, Cláudio Marinho Falcão, Philip Michael Doyle, Elysio de Oliveira Belchior, Mauricio Louzano, Emerson Franco R. da Silva e Marco Antonio Pedro. Do outro lado do Atlântico, nossos amigos José Carlos Rossini e Dimas Almada.

Infelizmente, nos últimos anos vários colecionadores nos deixaram, ficando um grande vácuo na cartofilia. Alguns desses colecionadores já lançaram livros com postais de seus acervos, dando assim oportunidades para que as pessoas possam ver como eram as coisas no passado.


A Catedral de Santos, na Praça José Bonifácio. A igreja ainda
estava em construção. 1919. Acervo: L.J. Giraud.

Em outubro de 1999, na companhia do amigo e jornalista José Carlos silvares, realizamos uma exposição de cartões-postais, nas dependências da Pinacoteca Gafrée-Guinle, uma exposição inédita em Santos, intitulada “A Cidade e os Navios que Marcaram Época em Santos”, onde 20 painéis com cerca de 10 postais cada um, mostraram aspectos de Santos e seu porto, até meados do século 20. Verdadeiros documentos  que registram a história  da região no decorrer das décadas.

Vale ressaltar para os apreciadores da cartofilia, que no próximo 20 de novembro, nas dependências do famoso Bar Amarelinho, na Cinelândia – Rio de Janeiro, será realizada a XXII Jornada Nacional de Cartofilia da ACARJ, das 10 às 17 horas, sob a direção de seu presidente Edson Lima Lucas. Vale comparecer, pois além da venda de antigos postais, com certeza haverá uma exposição com inúmeras raridades.


No interior do Café Paulista, presentes duas figuras importantes da
história de Santos: Jaime Caldas e Narciso de Andrade. Na foto, estão
ainda Manolo e Antonio Rodriguez proprietários do tradicional café, o
autor e Dário Gonçalves. A foto foi clicada durante entrega de um
painel com fotos antigas de Santos - 1997.

Nossa homenagem aos marchands Rosana Carnielli e Raul Dick, que sempre colaboraram com o autor tanto na aquisição de cartões-postais, como na realização de eventos sobre o tema.

Há um ditado popular que diz: “Mais vale uma imagem do que mil palavras”. Os cartões-postais, novos ou antigos, comprovam essa realidade.


O autor na companhia de dois grandes cartofilistas da Cidade,
Silvio Roberto Smera e o Jornalista José Carlos Silvares. 2007.


A exposição de cartões-postais - A Cidade e os Navios que
Marcaram Época, que contou a história da Cidade e do Porto,
realizada em 1999, na Pinacoteca Gafrée e Guinle. com 25
interessantes painéis dos principais cartofilista do Pais.


Belo cartão-postal, mostrando o embarque de sacas de café no porto santista, por volta de 1910. Acervo: L.J. Giraud.


No Rio de Janeiro, durante Jornada da Cartofilia, o comandante Carlos Dufriche, Samuel Gorberg e Edson Lima Lucas, presidente da Acarj. 2009.


Cartão-Postal da famosa Casa João
Reynaldo Coutinho (Rio de Janeiro), grande
importadora e distribuidora de tecidos,
muito famosa famosa no passado.
Acervo: L.J. Giraud.

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