No dia 2 de fevereiro de 1892 foi inaugurado o primeiro trecho do cais de pedra, substituindo as velhas pontes dos trapiches, com a atracação do navio britânico Nasmith. Posteriormente, foram surgindo outros trechos, e se deu ao Brasil o primeiro porto organizado, tanto em equipamentos como em movimentação. Felizmente, o ideal de seus fundadores, Candido Graffrée e Eduardo Palassini Guinle, continuam presentes até hoje – Um porto grande para um grande País.
Para tanto, vamos entrar no túnel do tempo para chegarmos até o distante ano de 1957. Mais precisamente na área da Companhia docas de Santos, a famosa CDS, que foi concessionária do Porto de Santos até 1980, onde demonstrou grande eficiência na área portuária e marítima.
Monumento aos fundadores Cia. Docas de
Santos, Candido Graffrée e Eduardo Palassini
Guinle, situado na Praça Barão do Rio Branco.
À esquerda parte do Armazém 4, à direita
o Santos Hotel. No local hoje está situado o
prédio da Justiça Federal. Nota-se um
jardim muito bem cuidado e mais belo do
que atualmente. Cartão-postal, início dos
anos 1930. Acervo: L.J. Giraud.
As Docas como era mais conhecida pelos trabalhadores e pelos cidadãos da região, normalmente empregava em média 12.000 funcionários distribuídos nas várias categorias profissionais, que ia de operários portuários, como trabalhadores de turma, trabalhadores de armazéns, guardas portuários, calceteiros, motoristas, maquinistas, marítimos, amarradores, motoreiros (operadores de guindastes), pintores, eletricistas, carpinteiros, enfermeiros, entre muitas, chegando a outras profissões liberais como, contadores, médicos, advogados e, engenheiros. Esta última detinha os cargos de chefias. Vale lembrar que o cais gerava outros milhares de empregos diretos e indiretos. – A Cidade dependia do porto e do café.
Pontes de atracação pertencentes aos trapiches, que antecederam
o primeiro trecho do cais de pedra (260 metros) da Cia. docas,
inaugurado em 1892, com atracação do navio britânico Nasmith.
Década de 1890. Acervo: L.J. Giraud.
Já naquele tempo (há 52 anos) tudo era fantástico e grandioso no Porto de Santos, sua extensão eram 6.260 metros, dispunha de 28 armazéns com área de 80.303 metros quadrados e capacidade para 173.750 toneladas. Possuía um frigorífico (hoje fazendo parte do terminal de passageiros Giusfredo Santini) com párea de 3,221 metros quadrados, com capacidade para receber 500 toneladas de carne, 40.000 caixas de frutas, silos para trigo, 43 tanques de aço, dois armazéns na Ilha Barnabé para inflamáveis, com área de 3.000 metros quadrados e capacidade para 6.000 toneladas. Na área do Valongo e Saboó possuía outros 16 tanques.
Para guarda de cargas pesadas ou de grandes volumes de importação/exportação, dispunha de 3 grandes pátios com área de 38.040 metros quadrados, providos de linhas férreas e guindastes. Eram conhecidos como PVP – Pátios de Volumes Pesados.
Vista aérea do Porto de Santos, mostrando o corte do Paquetá,
cargueiros da época, inclusive um navio do Lloyd Brasileiro (à direita),
parte da Boca (região dos cabarés), armazéns da faixa portuária e
externos da CDS. Final da década de 1950. Acervo: L.J. Giraud.
Havia também grandes áreas para depósitos de granéis sólidos, como: carvão, minério, enxofre. Além desses locais, o porto possuía outros armazéns externos com área de 227.021 metros quadrados, e capacidade para 454.100 toneladas. Os armazéns externos eram utilizados para recebimento de mercadorias destinadas à exportação. Podiam também ser usados como depósito de mercadorias de importação, caso isso fosse necessário.
Para o transporte dos produtos de petróleo, além da interligação entre tanques, possuía serviços de ferry-boat entre a Ilha de Barnabé e o Saboó e oleodutos da Estrada de ferro Santos a Jundiaí.
Fotografia do estuário do Porto de Santos, na altura do armazém 16,
com diversos navios atracados e um transatlântico do Lloyd Real
Holandês, o Tgelberg, navegando.
A tração dos trens nas linhas portuárias era realizada através de 37 locomotivas e 378 vagões (abertos e fechados) de propriedade da Companhia Docas de Santos. Isso era só para movimentação interna.
Os principais equipamentos disponíveis eram os seguintes; Instalações pneumáticas para descarga de trigo, descarregadores para sal a granel, instalações mecânicas para embarque de sacas de café. Duas cábreas flutuantes, a Titan c/ capacidade para 60 toneladas e Sansão c/ capacidade para 150 toneladas. 52 caminhões, 54 cavalos mecânicos, 116 empilhadeiras, 26 auto-guindastes sobre pneus e 28 sobre lagartas, 123 pontes rolantes nos armazéns, 146 guindastes elétricos, 117 carrinhos elétricos, 3 dragas, 12 batelões (lameiros), 2 barcas para fornecimento de água, 16 chatas (alvarengas), 19 flutuantes para atracação de navios, 2 ferry-boat (360 tons de capacidade ), 3 balanças, sendo 2 para vagões ferroviário.
Embarque do ouro verde, o café, em saca de 60 quilos
para o mercado internacional. Na época não se usava os
contêineres, e as sacas eram embarcadas por meio de
lingadas e armazenadas nos porões dos navios.
Final dos anos 1950. Acervo: L.J. Giraud.
Por esses dados não devia ser fácil controlar tudo isso sem a informática, mas as Docas tinha um rígido controle sobre tudo, e o cais funcionava a contento.
Para demonstrar toda aquela grandeza do Porto de Santos (todo santista tinha um parente ou conhecido que trabalhava nas Docas) na década de 1950, é transcrito parte do texto de um anúncio da City of Santos Improvements Co Ltd, empresa britânica que foi concessionária dos serviços de eletricidade e bondes da nossa Cidade, iniciava o texto de um anúncio comemorativo ao aniversário de Santos, assim: Quatro séculos de história confirmaram a visão de Braz Cubas, e a alavanca do progresso fez do pequeno ancoradouro da Vila de São Vicente, uma das grandes cidades do Brasil, um dos maiores portos do mundo.
Vista aérea da Ilha Barnabé, com seus tanques, o cais de
300 metros. dois armazéns de inflamáveis. À direita ponte
de atracação para os ferry-boats. Rep. Álbum Companhia
Docas de Santos. – 1957.
Todavia é ainda nas obras monumentais, no intenso movimento do seu porto, que Santos se destaca na plenitude da sua pujança econômica, porque o porto de Santos é o maior exportador de café do mundo, coluna mestra da riqueza nacional. Milhões de toneladas que entram e saem nos braços ciclópicos dos guindastes, milhares de navios que chegam e partem, atestam categoricamente a vitalidade da gente santista trabalhando pela grandeza do Brasil.
Pátio para volumes pesados, com área de 9.200 metros
quadrados, equipado com guindaste elétrico sobre linhas
férreas, com capacidade de 30 toneladas, dotado de balança.
Álbum Companhia Docas de Santos – 1957.
Locomotiva GE, Diesel-elétrica, ano 1949, uma das
37 pertencentes à Cia. Docas de Santos para movimentação
da rede ferroviária no porto. Rep. Álbum Companhia Docas
de Santos - 1957.
A cábrea flutuante Sansão, de fabricação holandesa, operando no
costado de um navio, movimentando volume pesado. Rep. Álbum
Companhia Docas de Santos – 1957.
O batelão Munduba, com capacidade de 250 toneladas, navegando pelo estuário, em direção ao alto mar, onde é lançado o lodo proveniente
da dragagem. Rep. Álbum Companhia Docas de Santos - 1957
O rebocador Saboó da CDS, com potência de 880 HP, ficou muito
conhecido no cais de Santos. Era equipado com aparelhamento para
extinção de incêndio e de salvamento. Rep. Álbum Companhia Docas
de Santos – 1957.
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Convite da Soamar-Santos
É com grande satisfação que convidamos o prezado associado para participar do nosso tradicional Churrasco do CLUBE DO BOLINHA, que ocorrerá no próximo dia 11 de setembro (sexta-feira) às 20:00 horas, sempre com o objetivo de integrar e aproximar os membros do nosso quadro associativo, os Oficiais da Capitania dos Portos de São Paulo, autoridades regionais e convidados. O evento ocorrerá na Sede da Soamar-Santos, nas dependências do Núcleo de Apoio as Atividades da Capitania, localizada à Av. Conselheiro Nébias nº 488, sendo que na oportunidade será inaugurada a fotografia do Sr. David Anthony Walton na Galeria de Ex-Presidentes da Diretoria Executiva da Sociedade Amigos da Marinha - Soamar-Santos. A adesão para associados da Soamar será de R$ 45,00 (quarenta e cinco reais) e para convidados R$ 50,00 (cinquenta reais), incluindo bebidas. Em face das limitações do local, solicitamos que seja informada sua presença e de seus convidados até o dia 09 de setembro (quarta-feira), pelos telefones 3224-9903 ou 3224-9904. As presenças serão confirmadas respeitando o limite dos convites. Contamos com a participação de nossos soamarinos. João Candido Bala - Presidente da Soamar-Santos.