Sábado, 23 Novembro 2024

“Uma onda que sobe levanta todos os barcos”.

 

Esta frase é atribuída ao democrata John Fitzgerald Kennedy, o mais jovem dos presidentes eleitos nos EUA. Considerado liberal por seus pontos de vista sobre as relações raciais, a assistência social e a política exterior de seu país, Kennedy iniciou carreira política em 1947, com 30 anos, quando se elegeu deputado.

 

Em sua gestão como presidente não apenas levantou os barcos, como também bloqueou alguns. Autorizou o cerceamento naval contra a ilha de Cuba, sob a alegação de que a URSS havia montado ali bases de mísseis destinados a atacar os EUA. Começou o envolvimento norte-americano no Vietnam e criou a Aliança para o Progresso, programa destinado a ampliar a ajuda dos EUA aos governos simpatizantes na região da América Latina. Este programa na realidade fiscalizava a ascensão de movimentos populistas e socialistas que ocorria nos primeiros anos da década de 60.

 

O desfecho trágico da carreira de J.F.Kennedy em 1963, quando foi assassinado em Dallas, Texas, por Lee Harvey, se deu no auge de sua popularidade. Suspeita-se que o criminoso tenha agido como instrumento de uma conspiração política oposicionista.

 

No Brasil não temos a sina de vários presidentes assassinados, mas não podemos dizer que o nosso fado seja muito confortável. A discordância constantemente alimenta as esferas de poder, provocando difíceis situações.

 

Aproximando mais o foco, enxergamos duas questões que marcam a discórdia durante anos: os antigos armazéns de nº 1 ao 8 do Porto de Santos e a plataforma do emissário submarino do bairro do José Menino próximo à divisa das cidades de Santos e São Vicente.

 

Atualmente os dois temas relacionam-se com o renomado arquiteto Ruy Ohtake. O primeiro já desenvolvido em artigo desta coluna no ano passado, quando iniciamos a discussão sobre os riscos da criação de mais uma barreira entre cidade e porto. O segundo caracteriza-se como uma questão político-ambiental: a plataforma do interceptor oceânico.

 

Abordando rapidamente o segundo, vale lembrar que em 1978, portanto em plena ditadura militar, o Presidente da República, gen. Ernesto Geisel, inaugurava o sistema santista de coleta, tratamento e destinação de esgoto. A plataforma do José Menino era uma base de apoio provisória, construída para possibilitar a montagem das tubulações. Devido a problemas técnicos, as instalações ficaram num nível mais elevado, não sendo completamente enterradas no trecho inicial.

 

Já em meados da década de 80, na gestão do prefeito Oswaldo Justo, um parque ambiental projetado pela Prefeitura foi impedido de ser implantado. Havia recursos garantidos pela instituição estadual Fomento à Urbanização e Melhorias das Estâncias (Fumest), mas uma ação judicial pedia a remoção da plataforma.

 

Outro projeto foi elaborado em 1990, no entanto, entraves diversos impediram sua execução. Em 1992, na gestão da prefeita Telma de Souza, foi inaugurada a “Cidade Radical” (equipamentos para a prática de skate, bicicross e surf). Nos anos seguintes, alguns outros projetos não conseguiram ser implantados: Parque Beto Carrero, Píer Plaza Show e Museu Pelé.

 

O parque público “As Ondas – Santos 21” (autoria do arq. Ruy Ohtake) estava tendendo ao caminho da impossibilidade quando se reverteu a tendência. Por decisão da Justiça Federal “a instalação de um parque público rende, sobretudo homenagem à vontade popular, que, maciçamente, anseia há muito tempo por uma destinação proveitosa e compatível com as características do local, minimizando as causas de insegurança geradas pelo abandono que acomete o imóvel”. (Juíza Alessandra Nuyens Aguiar Aranha)

 
 Foto: www.cdcc.sc.usp.br

“Homenagem à vontade popular” – que este seja o lema vencedor nas grandes causas.

 

E também, que a sabedoria - maior do que a erudição - inspire a vontade popular especialmente nestes dias tão importantes para o nosso grande Brasil.
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