A independência do Brasil deixou para depois a resolução de muitos e grandes problemas da nova nação. Futuro e passado, viajar no tempo e no espaço me parece uma aventura fascinante. Neste ano de eleições majoritárias na República Federativa do Brasil e ainda com aquele gosto amargo de derrota na Copa do Mundo, agravado pela indigestão de tantas mazelas e trapalhadas de nossos representantes em Brasília e em outras bandas, viajei ao Planalto Central do ano de 1892. Isto quer dizer, dez anos antes do nascimento em Diamantina (MG) do menino Juscelino.
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O astrônomo belga, Luiz Cruls, liderava a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, integrada por médicos, geólogos, botânicos, engenheiros e diversos outros profissionais. Em apenas sete meses a equipe percorreu mais de quatro mil quilômetros e nos anos de 1892 e 1893 elaborou o minucioso levantamento sobre topografia, clima, geologia, flora e fauna da área que ficou conhecida por Quadrilátero Cruls. Em 1894, o astrônomo apresentava ao Governo Republicano o relatório da Comissão ou o “Relatório Cruls”. No dia 7 de setembro de 1922, foi lançada a pedra fundamental da futura capital do Brasil num ponto do Quadrilátero.
A proposta de implantação do Governo no interior do Brasil, longe dos portos, como estratégia de segurança da capital do país já existia no período do Império. Entretanto, foi com a promulgação da Primeira Constituição Republicana do Brasil (1891) que as atitudes surgiram. Em seu artigo 3º, ficou escrito que seria demarcada uma área de 14 000 km² no Planalto Central para a construção da futura capital.
Em 1948, a Missão Polli Coelho, uma comissão nomeada pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, também elaborou estudos para a localização da nova capital federal. Inclusive a Constituição de 1946, semelhantemente à Carta de 1891, versava sobre o tema, determinando a realização de um estudo. Após dois anos de trabalho, por coincidência, concluíram que o “Quadrilátero Cruls” era o local mais indicado.
A área foi ampliada para 50 000 km² e, em 1954, já com o objetivo específico de selecionar o melhor sítio para abrigar a futura Capital, foi elaborado outro trabalho – o Relatório Técnico sobre a Nova Capital da República, o Relatório Belcher. O estudo feito pela firma americana Donald J. Belcher and Associates, utilizava modernas técnicas de engenharia na época, inclusive com fotointerpretação.
Em 1955, Belcher conclui seu relatório, afirmando que “O Brasil deve ser louvado pelo fato de ser a primeira nação na história a basear a seleção do sítio de sua capital em fatores econômicos e científicos, bem como nas condições de clima e beleza”.
Em 2 de outubro de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira viajou pela primeira vez ao Planalto Central, iniciando a instalação de Brasília. O nome da capital havia sido sugerido por José Bonifácio em memorial encaminhado em 1823 à Assembléia Geral Constituinte do Império. A nova capital foi inaugurada em 21 de abril de 1960, 150 anos após o então chanceler Veloso de Oliveira ter apresentado a idéia ao príncipe-regente D. Pedro.
Moral da história: nunca perca a esperança.
Aqui na cidade portuária também temos algumas viagens interessantes para fazer. Fique com Deus e até a próxima estação...