Continuando no tema da caracterização do produto, mas agora além das embalagens. Vamos abordar de forma um pouco diferente algumas questões pertinentes à inter-relação: porto-cidade-meio ambiente.
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No início desta semana (nos dias 24, 25 e 26 de julho), o Rio de Janeiro recebe, pelo 4º ano consecutivo, a Mostra dos filmes vencedores do Fica. O Fica é o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental que acontece na cidade de Goiás, há oito anos. O maior festival de cinema ambiental da América Latina, considerado um dos mais importantes acontecimentos do calendário cinematográfico mundial.
Além dos filmes vencedores, há uma exposição de fotografias da mostra Eco Favela e um desfile de moda com roupas feitas de sacolas plásticas e papel de bala, uma criação especial do estilista Jerry Fernando para a IV Mostra Fica no Rio. As modelos são da escola de moda Lente dos Sonhos, criada pelo fotógrafo Tony Barros, na Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro.
Com o filme “Ovas de Oro”, média-metragem dirigida por Manuel Gonzalez e Anahí Johnsen, o Chile foi o grande vencedor (melhor filme) do VIII Fica, conforme decisão do júri oficial do evento, composto por Washington Novaes, Rubens Machado Jr, Maria Dora Genis Mourão, Paulo Souza Neto, Mário Borgneth, Rigoberto López e Carlos Teófilo Furtado Oliveira.
O documentário Ovas de Ouro (63 min-2005) é uma radiografia orientada para denunciar o comportamento do império industrial salmoneiro e pesqueiro que age nas costas do Chile. De forma clara, a obra informa às conseqüências que sofrem, no dia a dia, os pescadores artesanais de salmão, as comunidades litorâneas, a cultura das vilas e o meio ambiente diante do desejo do império industrial salmoneiro tornar-se o primeiro produtor do mundo.
O salmão, assim como o capelin, o mujjol ou o lumpo são peixes que proporcionam a fina iguaria chamada de caviar. Entretanto, os caviares mais raros do mundo são o beluga, o sevruga e o ossetra. O requintado restaurante Emiliano, em São Paulo, oferece os três, combinados com quatro taças de champanhas especiais, pela bagatela de R$ 3.150,00. O estabelecimento argumenta que estão embutidos nesse valor as despesas de importação e o selo de qualidade.
Acredita-se que o beluga, um dos mais velhos sobreviventes da Era dos Dinossauros, se manteve inalterado nos últimos 120 milhões de anos. Ele é o maior dos esturjões, podendo atingir 4 metros e pesar 800 quilos, além de viver 100 anos. O esturjão provém das águas geladas do Mar Cáspio e do Mar Negro (Ásia/Europa).
Mapa do Leste Europeu
“Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar...”
O refrão do samba de Zeca Pagodinho ilustra o caráter nada popular do caviar. Até o chileno caviar de salmão pode ser encontrado pelo preço de U$ 3 mil dólares o quilo, quantia bastante salgada para a maioria dos humanos.
A nutricionista e culinarista Gislaine Oliveira explica que “o caviar é um produto extremamente delicado; é praticamente a alma do esturjão. Na verdade, chamamos de caviar as ovas do esturjão, um peixe que vive em água salgada, mas que desova em água doce e fria, a exemplo do salmão”.
Mas, aqui na Baixada Santista, aonde o salmão chega de avião, também existe um produto de alto valor: o edifício. O metro quadrado de espaço para construir na cidade de Santos tem um alto valor agregado. Além da limitação física (acidente geográfico – ilha), os índices de qualidade de vida e a paisagem natural e planejada, o crescimento da demanda por moradia causam um incremento no preço do imóvel.
Defendendo a sua mercadoria, o corretor Nelson Chaves declarou à imprensa que “Santos é o único bairro de São Paulo com vista para o mar.” Desta forma, os empreendimentos de alto padrão têm atraído o consumidor de maior poder aquisitivo. Grande parte é proveniente da capital do estado.
FOTO: www.santos.sp.gov.br
Estaríamos produzindo aqui, na nossa cidade portuária, o império industrial da “construção salmoneira”? Ou seja, mais caviar e menos arroz com feijão?
Como você tem visto o mercado da construção civil em Santos e na Baixada Santista?