Quarta, 01 Mai 2024

De modo geral, quando se assinala o item sexo em uma ficha cadastral, não se tem dúvidas ao responder “feminino” ou “masculino”. É a mesma certeza que expressa o médico obstetra ao afirmar: “menina!” ou “menino!”

 

Nas cidades, em resposta à pergunta “qual é a sua identidade?”, apresentamos a cédula, o “RG”. Talvez, ainda nos pequenos núcleos urbanos, a cédula de identidade não seja tão importante. Os moradores de vilas caiçaras ou de cidadezinhas do interior do Brasil, assim como os “santistas de antigamente” são reconhecidos pela família, pela história dos ancestrais, pela casa ou por alguma característica especial.

 

Desde o século passado, em grande parte das cidades, a identidade passou a resumir-se aos caracteres pessoais registrados. Com finalidade de controle social, sem nenhuma significação mais expressiva: nome, filiação, data e local de nascimento, sexo e, principalmente, um número de identificação.

 

Qual é mesmo o sentido dessa identidade pessoal?

 

O que é realmente ser homem ou mulher?

 

Poderíamos também perguntar: o que é ser porto e o que é ser cidade?

 

Em pleno século XXI, paira um sentimento de inadequação que afeta o senso de identidade. Algumas mulheres dizem: “Como eu queria viver no tempo da minha avó !” Naquele tempo, entenda-se até a  primeira metade do século XX, as definições eram um pouco mais claras. Ser mulher, mãe e dona-de-casa configurava-se como uma posição estabelecida.

 

Hoje os educadores encontram dificuldades para lidar com a questão do masculino-feminino. Antigamente menino jogava bola, ganhava carrinho e espada. Podia ser mais violento e era ensinado a competir. A menina ganhava boneca, panelinhas e ajudava nas tarefas domésticas. Ela precisava ser mais delicada e comportadinha.

 

A chamada “Revolução Feminina” ou o conjunto de fenômenos complexos que também pode ser chamado de “Revolução Sexual dos Anos 60” abriu uma imensa possibilidade de caminhos.

 

A psicóloga junguiana, Vera Paiva, em seu livro “Evas, Marias, Liliths...as voltas do feminino” afirma que: “Nesse quadro é impossível também não observar os homens. Os homens que deixam de ser “pais-protetores-provedores” de “mulheres inferiores”, ou de “mulheres-filhas infantis”, dependentes, “ignorantes” e transformam-se em “filhos” de supermulheres, “liberadas”, “fortes”, independentes. Alguns estão tentando entender essa mudança e adaptar-se a ela, e também passam pela “crise regressiva”, perguntando-se a uma certa altura, depois de ter optado por um padrão de “homem liberal”, se não era o caso de voltar ao padrão machão, “quem manda aqui sou eu”, o “lugar de mulher é na cozinha”, sentindo também saudades do velho modelo. Outros estão solitários e com medo das mulheres, "considerando que não se pode mais confiar nas princesas que perderam aquele ar de pureza receptiva que projetavam.”

 

Na tentativa de ordenar o caos, emerge a necessidade do pacto coletivo. Tanto na relação homem-mulher quanto na porto-cidade.

 
Foto: www.estadao.com.br



Continuaremos este tema na próxima semana. Enquanto isso, na falta de termos mais claros, que diferenciem a ordem e a desordem, recebemos as influências estrangeiras cinematográficas de “Memórias de uma Gueixa” e “Brokeback Mountain”. E sabe lá que outras mais...

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