A história humana parece desenvolver-se em ciclos como as fases da lua ou as estações do ano. Um povo se estabelece, cresce, adquire poder econômico e político. Passa, então a correr o risco de impor suas tradições a outros povos.
O progresso científico e tecnológico nem sempre é acompanhado pela evolução da ética e da política. Basta acompanharmos as diversas crises nos sistemas de governo, há mais de dois mil anos.
Temos capacidade de construir ferramentas e de registrar e transmitir nossa memória cultural. Dominamos grande parte da biosfera, embora o poder que alcançamos não nos garanta controle absoluto sobre o meio ambiente.
O explorador da Amazônia tem facilidade para desmatar, mas não para recompor a mata rapidamente. O industrial de Cubatão ou da Grande São Paulo, por exemplo, conseguiu em algumas poucas dezenas de anos contaminar mananciais e estuários. Agora encontra dificuldades para recuperar esses ambientes em níveis de qualidade compatíveis com a prosperidade, ou melhor, com o bem estar da população.
Houve um tempo em que se falava da “Belíndia”. De um lado, a Bélgica; do outro, a Índia. Esta seria uma designação do gigante Brasil das grandes desigualdades. A Índia real tem crescido a taxas duas vezes maiores que as nossas. Investe pesadamente em educação. Por outro lado, na rica Bélgica, a elite costuma ser mais objetiva e responsável do que a nossa. Normalmente os belgas alcançam aquelas duas palavras pouco lembradas por diversos elementos da gerência brasileira: eficiência e eficácia.
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O cineasta Walter Salles, diretor, entre outros filmes, de “Central do Brasil” e “Diários de Motocicleta”, fala que a elite no Brasil quer os privilégios, mas não os ônus. “Querem a gravata da Gucci, mas não os impostos de importação, que se convertem em saúde, educação etc. Depois reclamam da falta de segurança, da inoperância dos governos, apadrinham uma creche para apaziguar a consciência e, ato final, compram um helicóptero para sobrevoar os nossos Haitis".
O Porto de Santos e as cidades que o abrigam também revelam contrastes que denunciam a pouca eficiência do planejamento para o desenvolvimento da região da Baixada Santista. Considerando na escala nacional, a grandeza da entidade Porto de Santos, as disparidades ainda apontam à pequena eficácia na diminuição das desigualdades sociais.
Estamos às vésperas da tradicional festa popular – o Carnaval. E na terra dos bondes e trios elétricos, o Pierrô continua disputando com o Arlequim a bela Colombina.