Sábado, 23 Novembro 2024

O antecedente e o conseqüente - “porto-cidade” : dois termos que podem sintetizar a origem histórica da Baixada Santista.

 

Nos primeiros anos do povoamento brasileiro, a ilha onde se encontram  as cidades de Santos e de São Vicente era chamada de “Guaiaó”. Esta denominação figura na escritura de doação de terras a Pero Góes em 1532.

 

O ano de 1502 marca a descoberta do litoral paulista. Quarenta anos depois, a região já era relativamente bem conhecida a ponto do Capitão-mor, Brás Cubas, considerar melhor o porto natural do lagamar de Enguaguaçu. Aquela área onde hoje é o Centro de Santos, junto a um pequeno morro (Santa Catarina).

 

Antes disso, o porto então chamado de São Vicente, localizava-se na Ponta da Praia, na foz do Rio Santo Amaro do Guaibê, desde 25 de janeiro de 1532, quando Martim Afonso de Souza “varou uma nau em terra”. Parece que era um jeito próprio dos navegadores do século XVI usar o navio para torná-lo um abrigo em terra firme. 


Crédito: http://www.fundasantos.org.br/site/pgn/outeiro.htm

A fundação de um novo povoado junto ao Outeiro de Santa Catarina ocorreu por iniciativa de Brás Cubas. Ele convenceu os povoadores dispersos das vantagens de possuírem casas junto ao Outeiro. Por volta de 1540, ali já existia uma pequena igreja, a Capela de Santa Catarina de Alexandria, construída por Luiz de Góes e sua esposa, Catarina de Aguillar.

 

O historiador Frei Gaspar da Madre de Deus escreve que o estabelecimento da “Nova Povoação” corrigia uma situação estranha: o porto situado anteriormente na Ponta da Praia ficava há uns oito quilômetros da Vila de São Vicente, o que era, no mínimo, bastante incômodo.

 

Os povoadores tinham terras e sesmarias ao redor do lagamar. Havia também engenhos de açúcar: o de São João no sopé do Monte Serrat e o de São Jorge na Caneleira, além do Engenho da Madre de Deus no Sítio das Neves (Santos Continental).

 

Em 1546, o Capitão-mor Brás Cubas elevou o Povoado à Vila. O Centro estendia-se do Outeiro de Santa Catarina ao Valongo e caracterizava-se por uma ocupação “pré-urbana”.

Crédito: http://purl.pt/103/1/catalogo-digital/registo/289/289_at68a.jpg

 

Tomé de Souza, primeiro governador do Brasil, em viagem de inspeção, informou ao rei: “Estas duas Vilas de São Vicente e de Santos não estão cercadas e as casas de maneira espalhadas que se não podem cercar senão com muito trabalho e perda dos moradores porque têm casas de pedra e cal e grandes quintais e tudo feito em desordem...” (Carta de 1º de julho de 1553)

 

A historiadora e professora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade fala que, nessa época, numa paráfrase de Heródoto (o Pai da História), “Santos é um dom do açúcar”. A Vila, porém, ainda não era a porta e a entrada do planalto.

 

O impulso econômico canavieiro elevou o povoado à condição de Vila. Entretanto, só a partir da fundação de São Paulo de Piratininga, em 1554, Santos começa seu papel de “porta” ao planalto, estabelecendo outro binômio: Santos – São Paulo.

 

Na próxima semana, continuaremos a desenvolver nossas equações de dois (ou mais) termos.
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