Sábado, 23 Novembro 2024

A morte física é natural e anti-cultural. Independente da forma como o indivíduo entende a morte, de acordo com as diversas religiões ou etnias, existe o aspecto material da extinção da vida. Todo ser vivo evolui para a morte, mas como disse Saramago, “No final, descobrimos que a única condição para a vida existir é a morte”.

 

O paradoxo aparente de morte e vida, levantado tendo como figura literária a obra do escritor português, José Saramago, à qual nos referimos na semana passada, expõe vínculos. Ligações que surgem, envolvendo as instituições religiosas, o Estado e o cotidiano do homem moderno.

 

Fazendo também um paralelo com a data de hoje, em que deveríamos comemorar a Proclamação da República, registramos que um dos motivos do enfraquecimento da monarquia foi o descontentamento da oligarquia do café. Os cafeicultores responsabilizavam o governo imperial pela perda dos escravos sem indenização.

 

Outro motivo de insatisfação com o governo foi a questão militar. Apesar das classes sociais médias encontrarem uma oportunidade de subir na vida com a carreira militar, os oficiais não estavam satisfeitos com a remuneração.

 

Para a maioria dos militares, no final dos anos 1880, o Império deveria chegar ao fim, mas a República poderia esperar pela morte do imperador D. Pedro II. Alguns respeitavam o “velhinho”, enquanto outros temiam o Terceiro Reinado, sob a égide da Princesa Isabel e do Conde d’Eu. Estes “outros” criticavam o “decrépito” imperador e não aceitavam a possibilidade de serem governados por uma mulher e por um estrangeiro (de nacionalidade francesa).

 

No dia 15 de novembro de 1889, a República foi proclamada no Rio de Janeiro, em meio a estratégias questionáveis e sem a participação popular.

 

No dia 17 de novembro, a família imperial partia de navio para o exílio em Portugal. Embora fosse improvável que o povo se levantasse para defender D. Pedro II, o Governo Provisório Republicano preferia não arriscar, montando um forte esquema de segurança na cidade.

 

Foto: Partida para o exílio da Família Imperial no vapor

Alagoas. “Galeria Histórica da Revolução Brazileira”

http://international.loc.gov/service/hisp/brfbnth/154347p8a.gif

 

“Res publica”, na expressão latina que significa “coisa pública”.

 

República: “organização política de um Estado com vista a servir à coisa pública, ao interesse comum” (Aurélio); “forma de governo em que o Estado se constitui de modo a atender o interesse geral dos cidadãos” (Houaiss).

 

Infelizmente diversos exemplos nos ensinam que não temos uma república na acepção etimológica da palavra. Desde o desvio de dinheiro público para contas de campanhas políticas até a apropriação de espaços públicos por empresas privadas, muitas vezes com o complacente aval das autoridades no poder. As mesmas autoridades que deveriam governar, visando o interesse público.

 

Com certeza, para melhorar a qualidade de vida nas cidades portuárias brasileiras as asas da coisa pública precisam alçar vôo.

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