Foto: Darcy Cardoso Filho-2.jun.1992/Folhapress
Público na chegada do veleiro Gaia ao aterro do Flamengo (Cidade do
Rio de Janeiro), durante encontro de ONGs do Fórum Global da Eco-92
A chegada da réplica de um barco viking ao encontro das ONGs, promovido pelo Fórum Global da Eco-92, evento paralelo à Conferência, causou tumulto. Os tripulantes do veleiro Gaia subiram ao palco onde estavam a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brudtland, o presidente de Portugal, Mário Soares e o ator britânico Roger Moore (o espião James Bond nos anos 70) para entregar mensagens sobre um futuro melhor, escritas por crianças de vários países do mundo.
Apesar do clima aparentemente correto do ato, o conflito formou-se com a manifestação de outro grupo que trazia cartazes de protesto com a frase "Gaia discriminou crianças em Manaus". Na semana anterior, a Abrapia (Associação Brasileira de Proteção à Infância e à Adolescência) denunciava maus-tratos às crianças que participaram de atividades no Gaia, quando a embarcação passou pelo Amazonas.
Em 1992, portanto há vinte anos, quando os principais chefes de Estado chegavam à cidade portuária do Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, conhecida também por Cúpula da Terra, Eco 92 ou Rio 92, o Brasil ainda era governado por Fernando Collor de Mello. O então presidente, que se autodenominou "caçador de marajás", o chefe de Estado, que também se apresentava a combater a inflação e a corrupção e a defender os descamisados.
Imagem: Agencia Estado
A Eco 92, realizada entre 3 e 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro,
reuniu mais de cem chefes de Estado que buscavam meios de conciliar
o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção
dos ecossistemas da Terra
O Plano Collor inicialmente reduziu a inflação, entretanto trouxe a maior recessão da história brasileira, agravando o desemprego e as quebras de empresas. Acredito que alguns se lembram da reforma administrativa com extinção de órgãos e empresas estatais, promoção das primeiras privatizações, abertura do mercado brasileiro às importações, congelamento de preços e pré-fixação dos salários. Tenho certeza que ninguém esqueceu o confisco, o bloqueio do dinheiro de pessoas físicas e jurídicas depositado nos bancos (poupança e contas correntes).
Os principais resultados da Rio 92 foram a criação do plano da Agenda 21; um plano global de ações ambientais e três convenções: a de combate à desertificação, a da diversidade biológica e a de mudanças climáticas. Os documentos concluíram que deveria haver um esforço conjunto dos Estados e das pessoas para erradicar a pobreza e diminuir as desigualdades sociais. Além disso, a Agenda 21, adotada por 179 países, também destacou a necessidade de proteger a atmosfera, viabilizar a transição energética e combater o desmatamento.
Apesar das divergências entre alguns representantes internacionais, a Eco 92 foi considerada a mais importante conferência ambiental do mundo e agora, num Brasil diferente, estamos diante de outra reunião na cidade do Rio de Janeiro – a Rio + 20. Uma nova conferência que pretende retomar um diálogo entre todos os povos e cidadãos do planeta.