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Mensagem da Princesa Isabel, datada de 15 de
novembro de 1889 (Proclamação da República),
com alusão à Abolição da Escravatura, assinada no
ano anterior. Destaque para as camélias no canto
Sob o impulso dos ventos, às vezes bons, outras vezes nem tanto, passamos pelo tradicional segundo domingo de maio - “Dia das Mães” - que este ano caiu exatamente no dia 13 de maio – “Dia da Abolição da Escravatura no Brasil”. E nada melhor para unir as duas datas do que as camélias da carioca cidade portuária. As flores tornaram-se símbolo do movimento da luta pela libertação dos escravos. A ilustre princesa Isabel de Bragança, por diversas vezes, recebeu de presente algumas daquelas belas camélias.
O abolicionista português José de Seixas Magalhães possuía uma chácara onde hoje é o bairro do Leblon (Rio de Janeiro). Ali cultivava flores com o auxílio de escravos fugidos. O local ficou caracterizado, segundo o historiador Eduardo Silva, como um quilombo abolicionista: uma espécie de instância de intermediação entre a comunidade de fugitivos e a sociedade envolvente. As lideranças políticas deste modelo de quilombo eram cidadãos conhecidos. Diferenciavam-se do herói fugitivo, personificado pelo Zumbi.
“...Seixas ajudava os fugitivos e os escondia na chácara do Leblon com a cumplicidade dos principais abolicionistas da capital do Império, muitos deles proeminentes da Confederação Abolicionista. A chácara de flores, a floricultura do Seixas, era conhecida mais ou menos abertamente como o “quilombo Leblond”, ou “quilombo Le Bloon”, então um remoto e ortograficamente ainda incerto subúrbio à beira-mar.”
EDUARDO SILVA: As camélias do Leblon e a abolição da escravatura.
A segunda filha de D. Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina enfrentou grande resistência dos fazendeiros e de boa parte da elite da sociedade brasileira do século XIX. O ministério do Império também se posicionou contra a abolição da escravidão, mas este acabou sendo dissolvido pela princesa regente e recomposto por membros favoráveis à eliminação do trabalho escravo.
Consta que, no quilombo do Seixas (Leblon) não havia preconceito racial. É curioso que uma planta exótica, introduzida há poucas décadas antes da Abolição no Brasil, bastante sensível ao sol e que requer trato especial, represente o movimento que levou à Lei Áurea. Pode-se dizer peculiar para uma lei, assinada pela nobre regente, moradora do Palácio das Laranjeiras (hoje sede do governo do Estado do Rio de Janeiro).
A Lei Áurea foi apresentada formalmente ao Senado Imperial pelo ministro Rodrigo A. da Silva no dia 11 de Maio de 1888. Debatida nas sessões dos dias 11, 12 e 13 de maio, foi votada e aprovada, em primeira votação no dia 12 de maio. Depois votada e aprovada em definitivo, um pouco antes das treze horas, no dia 13 de maio de 1888, a Lei Imperial nº 3353 é levada à sanção da Princesa Regente, abolindo formalmente a escravatura no Brasil.
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Sessão no Senado para votação da Lei Áurea