Sexta, 03 Mai 2024

A incipiente política habitacional brasileira frustra a expectativa de milhares de famílias sem acesso à moradia e que vivem de forma indigna em favelas e cortiços. No município de Santos, existe um projeto de erradicação de áreas encortiçadas do Centro, utilizando recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A Caixa Econômica Federal também tem programas de financiamento de projetos realizados em parceria com cooperativas habitacionais. Entretanto, os planos não saem do papel e permanecem os cortiços com toda a sua problemática social.

 

A mesma região central, próxima ao Porto do Paquetá (Santos), ainda é palco da atividade profissional, mencionada por nós na semana passada: a prostituição. A prática ocorre em pequenos e desconfortáveis hotéis, situados na área conhecida como “A Boca”. Contrastando com a modéstia dos espaços, a magnitude da questão extrapola os limites continentais e viaja no tempo.

 

Conta-se que as primeiras prostitutas surgiram na Grécia antiga, quando os senhores do Senado, temendo que suas esposas e filhas saíssem às ruas para conseguir o “elixir da juventude”, obrigavam familiares de criminosos a perambular pelas vias para colher sêmen de guardas e populares. O “produto” era usado como creme para a pele.

 

Algumas dessas mulheres, que trabalhavam para terem a diminuição das penas de seus familiares, se destacaram nas práticas sexuais e passaram a ser solicitadas pelos próprios senadores e por nobres da sociedade.

 

Na era medieval, as prostitutas tornaram-se um “mal necessário”, já que contribuíam para preservar a castidade das moças que deveriam chegar virgens ao casamento e, ao mesmo tempo, estimulavam a virilidade do rapaz. Este, ao contrário da noiva, não deveria chegar virgem ao casamento.

 

Pode-se até ousar dizer que, na Idade Média, a contribuição da prostituta para a “saúde” do casal qualificou-se como reconhecida. Permitia que a esposa se mantivesse “respeitável”, enquanto o marido buscava fora de casa a satisfação de suas necessidades sexuais (muitas vezes não satisfeitas no casamento).

 

Algumas mulheres conseguiram fazer fortuna e compraram títulos de nobreza, constituindo uma parte da classe medieval dominante. Suas propriedades foram até inspiração para nomes de grandes bordéis como “Castelo dos Prazeres” ou “Mansão da Fulana”.

 

A sociedade tolera até hoje a atividade, mas o conflito de valores ainda existe. A questão permite que entremos nas indagações existenciais do ser humano: “Ser ou não ser”. O que cada pessoa projeta para si mesmo?

 

A terapeuta e publicitária Andrea G. Umbuzeiro (www.vidainforma.com.br) escreveu que talvez não tenhamos dado importância para a pergunta feita a nós, quando éramos crianças: “O que você vai ser quando crescer ?” O nosso desejo era ser uma coisa? Mais adequado (e humano) seria que a pergunta fosse: “Quem você quer ser quando crescer ?” E ainda cita um trecho importantíssimo da Bíblia, versículo 1 do primeiro capítulo do Evangelho de João: “No princípio era o verbo...”

 

O assunto é por demais complexo. Sentimos a necessidade de possibilitar a continuação do tema na próxima semana.

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