Terça, 23 Abril 2024

O "mar-oceano" impulsionou a evolução da cidade.


“Esmerado de Situ Orbis”,
título do manuscrito de Duarte Pacheco Pereira, produzido entre 1505 e 1508, relatando suas viagens às costas do Brasil e da África. Contam os historiadores que o navegador português observou (em missão secreta) o litoral brasileiro, entre o Maranhão e o Pará, ainda no século XV, provavelmente no ano de 1498.

Entretanto, o documento jamais se tornou público, porque a Coroa de Portugal considerou suas informações náuticas, geográficas e econômicas muito valiosas.

 

Será que Pedro Álvares Cabral não teve acesso ao manuscrito de Pereira? Será que ele (Cabral), o capitão-mor da armada, errou mesmo o caminho das Índias e veio aportar no Brasil? Talvez a frota que partiu de Lisboa, em 9 de março de 1500, com a missão de fundar uma feitoria na Índia, carregasse a secreta missão de tomar posse das terras do Novo Mundo Ocidental.

 

Na Idade Moderna, Portugal foi a primeira nação européia a empreitar longas expedições marítimas. Com o intuito de fugir do controle comercial dos mercadores árabes e italianos, os portugueses usaram o mar para alcançar as especiarias e produtos de luxo da Ásia, contornando a África.

 

O “mar-oceano” dos séculos XV e XVI, conhecido hoje como oceano Atlântico, tornou-se o recurso que impulsionou a evolução de várias cidades portuárias, entre elas, a cidade de Santos. Pode-se dizer que a Vila surgiu no século XVI, junto com o porto. Mas apenas no século XVIII, com a produção paulista de açúcar, as exportações passaram a exigir embarcações maiores, pontes de atracação e trapiches para armazenar as mercadorias.

 

O ciclo do açúcar possibilitou um crescimento econômico, em oposição ao ostracismo que predominava na época do porto de sal (importado de Portugal). A partir de 1870, a modernização do porto já preocupava as autoridades e os comerciantes, configurando um quadro de tensões entre trapicheiros e donos de armazéns de um lado e governo imperial de outro.

Na era da economia globalizada do século XXI, ainda vivemos os conflitos que envolvem os modais de transporte, as disputas de espaço, a preservação ambiental, as questões sociais e de infraestrutura urbana. A integração cultural e econômica do Porto de Santos ao cotidiano da comunidade apresenta-se como alvo perseguido por mais de uma década. Busca-se compatibilizar o crescimento econômico com a qualidade de vida.

 

Algumas soluções já saíram do papel, como o complexo viário da Alemoa (que duplicou o viaduto no km 64 da via Anchieta e construiu o novo acesso da avenida marginal à pista sul da Anchieta), o terminal turístico de passageiros no Armazém 25 (arrendado pelo Consórcio Concais), o Programa Alegra Centro da Prefeitura de Santos, que abrange as áreas de proteção cultural do centro da cidade ou o Projeto Porto Integral da Codesp, que lançou, em convênio com três universidades, um curso de pós-graduação em gestão portuária.

 

Outros temas permanecem nos protocolos de intenções como a integração dos Armazéns 1 a 9 do Porto de Santos ao complexo turístico e de lazer do Alegra Centro, a implantação do estacionamento de caminhões, a construção da perimetral, da marina e do porto-indústria. Ainda há aquelas questões que estão no estágio dos embates judiciais, como o estaleiro da Baixada Santista ou o Terminal de Granéis de Guarujá.

 

Certamente muitas são as possibilidades que o mar e suas costas oferecem ao desenvolvimento da comunidade metropolitana da Baixada Santista. Unindo forças e vontade política, teremos o privilégio de acionar esta vocação marítima.

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