Quinta, 28 Março 2024

Da equidade entre os sexos ao relacionamento dos municípios portuários.

 

“... as mulheres não estão usufruindo a liberdade que Leila iniciou. Elas ainda estão muito preocupadas com o “olhar” do homem e a opinião das outras mulheres sobre elas. E, por isso, ainda estão aprisionadas. A Leila percorreu o caminho dela para agradar a ela mesma, pelo prazer que isso a proporcionava”.

 

Estas palavras de Mirian Goldenberg, antropóloga, autora do livro “Toda mulher é meio Leila Diniz” transportaram-me ao tema da equidade entre os sexos e daí para a alegoria do porto em conflito com a cidade, tema que já se apresenta em pauta há mais de cem anos.

 

No ano de 1894, quando circulava o primeiro número do jornal “Tribuna do Povo”, Santos era uma localidade pequena e agitada, não ultrapassando os limites do atual bairro de Vila Matias. Havia algumas trilhas que conduziam às praias, chamadas de “Barra” e o Porto de Santos (com 866 m de cais) já recebia centenas de embarcações à vela e a vapor, sendo a mercadoria mais exportada o café.

 

O primeiro trecho de cais acostável havia sido concluído em 1892, com 260 m de comprimento e chegou a movimentar, naquele ano, 125 mil toneladas de mercadorias. Este empreendimento, porém, gerou alguns conflitos.

 

Lanna, em sua obra “Uma cidade na transição/ Santos: 1870-1913”, destaca que “no início do século XIX, os terrenos à beira-mar, que tinham sido menosprezados, passaram a ser objeto de intensas disputas de negociantes que pretendiam aí construir seus trapiches. Símbolos do desenvolvimento da cidade, que então se expandia com as atividades de exportação do açúcar, apenas oitenta anos mais tarde, os trapiches seriam considerados sinais de atraso que impediam as obras de modernização do porto e de seu comércio.”

 

Já se configurava àquela época uma “crise conjugal” porto x cidade. Os conflitos tomaram complexidade a ponto de, em 1986, o então prefeito de Santos, Oswaldo Justo, propor a criação de uma entidade que visasse à temática do relacionamento entre os portos e as cidades. A ABMP (Associação Brasileira dos Municípios Portuários)

foi fundada em 21 de março de 1987 e tem cerca de 70 municípios associados (portos marítimos e fluviais). O primeiro Encontro Nacional aconteceu naquele mesmo ano em território santista.

A partir do próximo dia 31 até 2 de abril estará ocorrendo o

XIV Congresso Nacional de Municípios Portuários aqui na cidade de Santos.

 

Agora podemos estar caminhando para o momento decisivo de convivência harmoniosa.

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