A escassez de estudos sobre os caminhos coloniais existentes no século XVIII e a localização da Capitania paulista no interior da Colônia contribuem para o entendimento de que São Paulo era uma porção do Brasil decadente e isolada.
Normalmente, na história econômica, São Paulo aparece de maneira insignificante, sem despertar interesse, como se pouco tivesse contribuído para o enriquecimento da Metrópole. No entanto, o renascimento agrícola paulista, iniciado com sua restauração administrativa, em 1765, por ordem do secretário de Estado da Guerra e dos Negócios Estrangeiros do rei D. José I de Portugal, Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras, depois Marquês de Pombal foi de suma importância para o desenvolvimento brasileiro.
Ainda no final dos anos de 1600, a economia paulista se impunha com mais força devido à descoberta das primeiras minas de ouro no centro do território brasileiro. Porém, com o fortalecimento do eixo Minas-Rio de Janeiro, a especificidade da economia desenvolvida pelos paulistas voltou-se temporariamente mais para a comercialização de produtos do que para a produção.
O pesquisador Charles Boxer fez uma crítica aos autores que insistiam em considerar os paulistas isolados do restante do Brasil. "Alguns modernos historiadores brasileiros para os quais a individualidade e integridade de São Paulo é artigo de fé, têm procurado provar que esse primitivo núcleo planaltino era plenamente auto-suficiente. Afirmam que ele era completamente isolado do resto do Brasil, quer culturalmente, quer política e economicamente... Havia, de certo, muitos contrastes entre a Capitania de São Vicente e o resto do Brasil. Ao passo que os colonizadores e os plantadores de cana, localizados na costa, concentravam o seu interesse no tráfico marítimo com Portugal e tinham os olhos fixados no Atlântico, os moradores do planalto tinham os olhos voltados para o sertão inexplorado."
Fonte: http://z.consultoria.fotoblog.uol.com.br
O cartão-postal original de 1902 mostra o Trapiche Paquetá, um
dos muitos existentes no período de construção do Porto de Santos
A cultura da cana-de-açúcar no interior provocou a dinamização da economia paulista, que já não se fixava no mercado interno, direcionando o fluxo produtivo também para o comércio externo. A via terrestre, que funcionou como o “corredor de exportação”, foi a Calçada do Lorena, construída em 1790-1792. Era por onde se escoavam os produtos até o cais.
No porto, as exportações passaram a exigir embarcações maiores, pontes de atracação e trapiches para armazenar as mercadorias. Os trapiches não se resumiam às pontes e passadiços montados para permitir o acesso aos navios e barcos menores. Apesar de algumas vezes a palavra ser usada com este significado, de fato o trapiche designava o conjunto composto por armazém e ponte de atracação.