Não foi por falta de aviso. Com a arrogância de seu governante, os Estados Unidos resolveram caminhar para trás, em todos os sentidos. Os resultados começaram a chegar, não adianta agora o bebê chorar, pois é só o começo. Pensando que podiam pisar no resto do mundo, distribuíram xingamentos, mentiras e taxas. Tentaram negar tendências mundiais, ficaram na contramão da História em questões fundamentais como crise climática e energia. Causaram sofrimento desnecessário aos parceiros de muitas décadas, agora estão praticamente sós na derrocada econômica.
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A nota de crédito atribuída por agências como a Moody’s (com apóstrofo...) e outras serve para regular a engrenagem dos juros. Quanto pior a nota, maior a conta dos juros. Com uma dívida crescendo como bola de neve em relação ao PIB (que parece iniciar um ciclo de queda como efeito das tarifas absurdas impostas pelo governo estadunidense e também da desorganização da economia promovida por alguns “gênios” que se instalaram na Casa Branca), acumulam-se no horizonte as nuvens de recessão econômica.
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Aa1 ainda é ótima nota para muitos países. Mas não para quem pretende ser o próprio centro da economia mundial, garantir estabilidade monetária e continuar rolando suas dívidas. Quem compra títulos do Tesouro estadunidense agora exige melhor remuneração por eles, o que aumenta ainda mais a velocidade da bola de neve financeira, montanha abaixo. E são justamente os ex-parceiros, xingados e tornados inimigos, os que mais compravam esses títulos. Eles já mandaram o recado. Sutil, mas, no nível dos trilhões de dólares, qualquer brisa vira tempestade. Moody’s que o diga.
Nos EUA, o serviço da dívida já superou os gastos com armamentos, um grave indicador do estado da economia daquele país, por ser considerado um indicador claro da queda de qualquer superpotência.
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E o mundo não parou de girar por isso. Os países não estão caindo das beiradas da “terraplana” como alguns afirmavam que ocorreria. Os ex-amigos dos EUA estão formando novas alianças políticas e econômicas, deixando de lado a “maior potência do planeta”.
Claro que o afundamento não é repentino, milagres até podem ocorrer, mas será difícil reverter os estragos e principalmente a mentalidade que levou a eles. Num mundo que enfrenta a crise climática, o petróleo pode até vir de graça que já não atrai tanto assim: os custos ambientais de seu uso ficaram altos demais.
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Neste novo cenário, bom lembrar: está em curso uma nova “corrida do ouro”, em busca de papéis relevantes no mundo pós-Trump. Quem melhor se posicionar agora deve colher melhores resultados, e Brasil é um dos candidatos. Só precisa parar de perder tempo com firulas que paralisam o Congresso, erros grosseiros que torpedeiam o Executivo, falta de ação contra todo tipo de crime/corrupção e aquela mentalidade de só investir no que ajuda a ganhar eleição. Aperfeiçoar o que temos de bom, corrigir o que não fazemos bem. Definir objetivos nacionais claros e perseguir resultados de médio e longo prazos.
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Não cabe aqui debater fórmulas mágicas/geniais, mas ter vontade efetiva de fazer o que todos sabem ser necessário, em termos de governos, empresas e cada cidadão. O brasileiro é por natureza muito criativo, só precisa organizar essa criatividade para não bater cabeça e andar na contramão.
Por exemplo, agir para garantir infraestrutura terrestre e marítima-portuária para as novas rotas comerciais que estão se formando e demandarão essa eficiência. Garantir energia e comunicações confiáveis para suprir futuras necessidades.
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Principalmente, sem blague, abrir o olho para como a China está atuando. Ela está fazendo a lição de casa, estendendo enorme rede por todos os continentes, aproveitando as brechas que Tio Sam deixa. A questão é que essa rede chinesa atende aos interesses da China. Ótimo se também contemplar interesses brasileiros, mas será?...
‘EUA (com apóstrofo) é uma ilhazinha em Tonga, perdida no Pacífico. Já os EUAa1...
Foto: NASA/Chris Hadfield, em Wikipédia: https://en.wikipedia.org/wiki/%CA%BBEua