Para Pomini, Túnel Santos-Guarujá trará investimentos em infraestrutura e geração de emprego e renda
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Em noite de casa cheia, o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, realizou uma apresentação sobre o Túnel Santos-Guarujá, em audiência pública promovida pela Câmara Municipal de Guarujá. Em pauta, os impactos da obra nos bairros, no comércio, na mobilidade e na economia do município.
Pomini respondeu a questionamentos de vereadores, secretários municipais e moradores sobre o projeto e detalhou os principais pontos da maior obra prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), a primeira ligação seca imersa da América Latina.
"Na atual gestão, a APS realizou 60 reuniões com todos os órgãos e representantes públicos envolvidos para chegar a consensos. Agora que o edital está lançado, é fundamental manter o diálogo", avaliou o presidente da APS.
Convocada pela Comissão de Assuntos Relevantes daquela casa legislativa, a audiência reuniu lojistas, moradores de regiões afetadas pela obra e comunidade em geral. "Há, ainda, uma grande preocupação com o traçado e quais serão os impactos no trânsito, no comércio e nas moradias da região", explicou o vereador Edilson Dias, presidente da Comissão.
Traçado: "O traçado do túnel, que já passou por anos de estudo e debates, está muito bem consolidado e não deve sofrer modificações. Mas a embocadura e a desembocadura, os acessos, podem ser alterados pela empresa na proposta, desde que com aval do poder público", salientou Pomini.
Desapropriações: "O edital prevê que, se houver desapropriação, os moradores serão indenizados pelo valor de mercado do metro quadrado. Não pelo valor venal, mas pelo valor de mercado, que é mais elevado", destacou.
Impactos no trânsito: "Além de desafogar o tráfego das balsas, nós prevemos a construção de um condomínio logístico completo em Guarujá para organizar e disciplinar o tráfego de veículos pesados. Será um espaço que vai contar com serviços da receita federal, despachantes e toda a assistência aos caminhoneiros. Uma espécie de "poupatempo" logístico que vai beneficiar a logística do Porto e a mobilidade de Guarujá."
Palafitas: "Não é possível que um porto como o de Santos, que conecta a riqueza do país, ainda tenha em suas margens famílias vivendo em palafitas. Estas pessoas receberão uma moradia digna. É claro que o problema não se resolve só com a entrega das casas; é um trabalho conjunto que precisará ser realizado pelo poder público", disse o presidente da APS.
Benefícios para a cidade: "Chegou o momento de Guarujá. A boa infraestrutura que gera riqueza em Santos virá para Guarujá. É hora da cidade colher os benefícios do Porto na mesma dimensão que Santos recebe. Cada nova operação portuária trará obras de contrapartida de interesse do município. A conexão do túnel vai impulsionar o comércio local, trazer investimentos e gerar oportunidades de crescimento e desenvolvimento econômico e social", afirmou.
No encerramento da audiência, Anderson Pomini saudou a iniciativa da Câmara. "Eu sou um entusiasta. Fico absolutamente feliz de buscar resolver algo que se debate há 97 anos. Todos queremos o túnel. Mas não existe desenvolvimento em infraestrutura sem transtornos. Por isso estamos aqui, para debater quais são os ajustes que podem ser feitos para que tenhamos o melhor impacto possível na vida das pessoas".
Sobre o túnel: Com 1,5 km de extensão (sendo 870 metros submersos), o túnel será o primeiro imerso do Brasil e o maior da América Latina. A estrutura contará com três faixas por sentido, uma exclusiva para o Veículo leve sobre trilhos (VLT), além de acessos dedicados a pedestres e ciclistas, utilizando tecnologia de módulos pré-fabricados testada em projetos como o túnel Fehmarnbelt, na Europa.
Com investimento de R$ 6 bilhões, divididos igualmente entre União e Estado de São Paulo, o leilão para seleção da concessionária está previsto para 1º de agosto. O empreendimento deve gerar 9 mil empregos diretos e indiretos, conforme estudos do Ministério de Portos e Aeroportos.
A ligação seca reduzirá interferências nas operações marítimas do Porto de Santos e encurtará o tempo de transporte de cargas em cerca de 45 minutos, aumentando a competitividade do complexo logístico. Estima-se, ainda, uma diminuição de emissões de poluentes com a redução do percurso e menos uso de balsas, que hoje transportam diariamente 21 mil veículos e 15 mil pedestres e ciclistas.