Quando os deuses descem à Terra para procurar uma boa alma e não acham, a situação parece insolúvel. Eles sabiam que seria difícil, mas insistiram na busca. Depois de rodar quase o mundo todo, chegam à província de Setsuan. Querem um lugar para pernoitar, mas não encontram. Ninguém para os acolher, o que confirma a premissa: não há sequer uma boa alma. Os homens tornaram-se egoístas demais e incapazes de dividir.
Já quase desistindo, deparam-se com uma mulher, a prostituta Chen Tê. Ela lhes dá um lugar para dormir, deixando para isso de atender um cliente. Com certeza, tratava-se de um incomun gesto de hospitalidade. Reconhecendo a sinceridade da moça, os deuses resolvem recompensá-la com uma elevada quantia em dinheiro.
Foto: João Caldas
A atriz Denise Fraga protagoniza "A Alma Boa de Setsuan", de Brecht
A história continua e você pode saber mais em http://tinyurl.com/23ezfxz.
A parábola de Bertold Brecht (1898 – 1956) trata da grande questão colocada pelo cristianismo de como devemos harmonizar a defesa de nossos próprios interesses com os interesses coletivos, de como ser bom para si próprio sem deixar de o ser bom para o próximo. O grande dramaturgo alemão trata didaticamente da complexa disciplina da ética para que qualquer cidadão possa se questionar sobre as dificuldades de praticar o bem.
Lembramos que, no Brasil-Colônia, após a tentativa fracassada de estabelecer as Capitanias Hereditárias, a Coroa portuguesa estabeleceu o Governo-Geral. Era uma forma de centralizar e ter mais controle da colônia. O primeiro governador-geral foi Tomé de Souza, que recebeu do rei a missão de combater os indígenas rebeldes, aumentar a produção agrícola no Brasil, defender o território e procurar jazidas de ouro e prata.
Também existiam as Câmaras Municipais que eram órgãos políticos compostos pelos "homens-bons". Entretanto, estes eram os ricos proprietários que definiam os rumos políticos das vilas e cidades. O povo não podia participar da vida pública naquela fase. Hoje podemos fazer diferente!