Virar uma página, esquecer, começar de novo...
Recomeçar a contar os 365 dias na busca de novidades. E as perdas, as frustrações, as dores, os ressentimentos? Esquecemos os males do passado quando viramos o ano.
Muita gente gostaria que fosse assim, relegar ao esquecimento até as coisas indeléveis. Talvez o grande desafio seja viver e construir novas coisas enraizadas na memória.
Angra dos Reis, São Luís do Paraitinga e Porto Príncipe – emblemas dos diferentes graus da destruição. A capital e maior cidade portuária do Haiti, “Port-au-Prince” ou Porto Príncipe, fundada em 1749 pelos franceses, no golfo de Gonaives, abrigava 2,5 milhões de habitantes até o último dia 12 de janeiro. Hoje ninguém sabe quantos sobreviveram depois da tragédia que devastou o país, um terremoto que se iniciou a apenas 10 km abaixo da superfície, na magnitude de 7,0 na escala Richter.
A extensão do prejuízo em Porto Príncipe vai dia a dia se tornando mais clara, com cerca de 15 áreas da cidade gravemente afetadas e pelo menos setenta por cento dos edifícios destruídos nesses bairros. A equipe do CICV - Comitê Internacional da Cruz Vermelha – que está no local, presta assistência médica aos hospitais e clínicas, assim como a ambulatórios menores montados por médicos locais em áreas de grande concentração de sobreviventes do terremoto. Os voluntários também avaliam a necessidade de água potável como prioridade.
Os hospitais, em particular, foram gravemente afetados pela falta de água. As autoridades locais relataram que várias estações de bombeamento e outras estruturas não estão funcionando no momento devido à falta de pessoal e combustível necessários para operar os geradores. As fontes regulares de energia, assim como as tubulações foram seriamente atingidas pelo terremoto.
Foto: Alice Smeets, vencedora do prêmio Unicef em 2008
Imagem mostra menina em favela de Porto Príncipe em julho de 2007
Em 2008, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) escolheu a obra da fotógrafa belga Alice Smeets como a melhor fotografia do ano. A imagem retrata uma menina haitiana, caminhando descalça em meio à água e sujeira, em um bairro pobre de Porto Príncipe (Haiti).
A fotografia de Smeets foi premiada entre outras 1.450 imagens pela "coragem e energia que transmitem os olhos da menina, apesar de crescer em meio à miséria", disse Eva Luise Köhler, madrinha da organização na Alemanha e esposa do então presidente alemão, Horst Köhler.
Imagem: www.guiageo-americas.com
Mapa da região da América Central na qual se encontra o Haiti
O pobre país agrícola, chamado Haiti, situa-se no terço ocidental de Hispaníola, uma grande ilha das Antilhas (Caribe). A parte restante da ilha é outro país – a República Dominicana. O mar de Caraíbas banha as ilhas da América Central. Em função do nome deste mar, esta região é conhecida como Caribe.
Na região existe uma grande falha geológica, correspondente à divisa entre as placas do Caribe e da América do Norte. As placas tectônicas deslizam e geram energia. A tensão causa os movimentos, tremores e terremotos.
O sismólogo Lucas Vieira da Universidade de Brasília (UnB) informa que a força do terremoto pode abrir novas falhas geológicas que ainda têm dimensão moderada e não foram mapeadas. Nas falhas ativas, pedaços da crosta se movimentam e geram energia que causa mais terremotos.
"Como não há mecanismo para prever terremotos, o país vai precisar de investimento em ciência nos próximos anos para detectar se alguma falha está aparecendo para eventualmente remover gente dali."
Foi ativada uma página especial do CICV dedicada a ajudar as pessoas que perderam contato com seus entes queridos em decorrência do terremoto. O endereço da página é www.icrc.org/familylinks.