Foto: Vagner Dantas
Sr. Luiz é um vovô que sabe tudo.
Há anos atrás, quando os adolescentes concluíam o curso ginasial (que já era uma vitória), tinham que optar em que área gostariam de continuar os estudos – humanas, exatas ou biológicas. Muitas moças preferiam o clássico magistério para seguir a carreira de professora. A divisão costumava ser feita com o foco nas profissões de advogado, engenheiro e médico. Se o aluno tinha facilidade com as letras ou gostava de história, optava por humanas. Se o bicho-papão da matemática não fosse tão difícil de alimentar, o jovem podia seguir exatas. E, por outro lado, se a menina ou o menino podiam com certa tranquilidade abrir a barriga de um sapo e não se enrolavam completamente naquelas cadeias da química orgânica, estavam com o potencial da área biológica.
O ensino primário uniu-se ao secundário e gerou o 1º grau, que mais recentemente passou para o ensino fundamental com 9 anos. O curso complementar, 2º grau ou ensino médio, foi perdendo a importância de qualificar para uma carreira e começou a ser apenas obrigação para conseguir chegar à faculdade.
Por acreditar num ensino técnico devidamente valorizado, lembramos aqui do português Rui Baptista, autor de “A extinção dos liceus e escolas técnicas”, Diário de Coimbra, 26/07/2001. E também, sobre esta temática, a fala de Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard e autor da “Teoria das Inteligências Múltiplas”:
“Chegou a hora de alargar a nossa noção do espectro dos talentos. A contribuição mais importante que a escola pode fazer para o desenvolvimento de uma criança é ajudar a encaminhá-la para a área onde os seus talentos lhe sejam mais úteis, onde se sinta satisfeita e competente. É um objetivo que perdemos completamente de vista. Em vez disso, submetemos toda a gente a uma educação em que, se somos bem sucedidos, a pessoa fica preparada para ser professor universitário. E, ao longo do percurso, avaliamos toda a gente de acordo com esse estreito padrão de sucesso. Devíamos passar menos tempo a classificar as crianças e mais tempo a ajudá-las a identificar as suas competências e dons naturais, e a cultivá-los. Há centenas de maneiras de ser bem sucedido e muitas, muitas capacidades que nos ajudarão a lá chegar”.
Neste cultivo de dons naturais, desde o ensino fundamental, cabe destacar os 20 educadores classificados e indicados para o Prêmio Educador Santista 2009 e o programa Vovô Sabe Tudo.
Aprendemos que sempre é possível evoluir nas questões educacionais. Na cidade portuária de Santos, o programa Vovô Sabe Tudo, idealizado há mais de uma década pela Prefeitura, trabalha a relação de gerações, envolvendo o idoso e a criança. A Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2009 elegeu o programa como o melhor da Região Sudeste, passando a integrar o Banco de Dados de Tecnologia Social.
“...inovamos com a inclusão de oficinas de meio ambiente e turismo religioso”, disse o secretário de Assistência Social e vice-prefeito, Carlos Teixeira Filho. A solenidade foi transmitida pela internet por meio do site www.fbb.org.br.
Foto: Marcelo Martins / https://www.egov.santos.sp.gov.br
Vovós no curso de jardinagem
Santos foi a única cidade premiada em todo o País. Os demais concorrentes constituíam-se em ONGs e instituições particulares. É claro que a premiação encheu de orgulho o santista, que está indo no caminho certo. Valorizar o conhecimento e a experiência do idoso, renovados a cada dia, pela curiosidade infantil. O processo se funde, resultando em mais qualidade de vida para todos.