Porquinho é cardápio que lembra os almoços de família das quintas-feiras. Não era às sextas, como muita gente gosta de saborear pratos do tipo, porque a feira mais perto de casa acontecia no bairro santista do Embaré, montada às quintas. Eu não conhecia a cara do bicho. Recebia a vítima frita, acompanhada de arroz e cenoura, preparada carinhosamente pela minha mãe. Mais tarde (com um pouco mais de idade), descobri que aquele indivíduo do prato possuia focinho comprido, olhos pequenos e saltados e a boca também pequena. Seu corpo apresentava coloração variada, predominando o verde oliva com reflexos azulados e manchas de outras cores. Conhece? É um saboroso peixe.
Foto: Rafael Demôro - www.xdivers.com.br
Um peixe porquinho, em imagem noturna no Rio, em 18/10/07
O peixe-porco ou porquinho, para os paulistas, é chamado de peroá pelos mineiros e cariocas e de cangulo pelos nordestinos. Um amigo pescador me disse que esse peixe ronca como aquele outro porco (mamífero). Nunca ouvi! O bichinho pode alcançar até 60 cm de comprimento com peso superior a dois quilos. O problema é que a grande maioria é capturada com 500 gramas. A espécie tem valor comercial. Já não pode ser considerada comida popular.
O porquinho está mais caro que o “patinho” (carne de vaca), por exemplo. Este se encontra por aproximadamente R$ 10,00/kg, enquanto que o peixe não se acha por menos de R$ 16,00/kg.
Aquela feira da quinta agora já não mostra a mesma quantidade e variedade de pescados.
Os pescadores reclamam que estão pescando menos e o preço de venda tem que aumentar. Alguns problemas relacionam-se à escassez de várias espécies. São exemplos de conflitos ambientais. As mudanças climáticas, seus efeitos na água e a sobrepesca provocam o declínio da produtividade pesqueira. Se todos os peixes que poderiam alcançar dois quilos forem pescados com 500 gramas, macho e fêmea, sem respeitar os períodos de defeso, tenderemos a uma rede vazia.
Ingrid Oberg, do escritório regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), considera que a pesca em escala maior do que a ideal é o grande agravante da redução na produção de espécies importantes. Ela destaca que pescados de caráter mais comercial, que costumam ser consumidos, como a sardinha e o camarão rosa, já estão em falta.
Vale ressaltar que o arrasto por redes até 1,5 milhas da costa (2,7 km aproximadamente) é proibido pela União. Assim também numa área de 500 metros no entorno dos parques ecológios Laje de Santos, Xixová-Japuí (São Vicente) e Jureia (próximo a Peruíbe), além das plataformas de petróleo Mexilhão e Merluza.
Lembrete
Você pode antecipar seu credenciamento na Feira de Petróleo e Gás de São Paulo – Santos Offshore 2009 no site do evento. O tema principal é a Bacia de Santos e seus campos pré-sal. Veja mais em www.santosoffshore.com.br.
Foto: Maurício de Souza/AE
E, finalmente, não poderíamos deixar de saudar: É PEIXE! Parabéns às Sereias da Vila pela vitória na Copa Libertadores da América Feminina de Futebol. A final foi um espetáculo na Vila Belmiro, que trouxe para o Santos F.C. o título de campeão da Libertadores por 9 x 0!