Sábado, 18 Mai 2024

Secos e Molhados

 

Jurei mentiras

E sigo sozinho

Assumo os pecados

Os ventos do Norte

Não movem moinhos

E o que me resta

É só um gemido

 

(Sangue Latino, de João Ricardo e Paulinho Mendonça)

 

O nome do conjunto musical paulistano, que ficou popular na década de 1970, abre esta coluna, levando o leitor a viajar no campo dos significados. Secos & Molhados foi uma banda brasileira, considerada por diversos críticos como um fenômeno da MPB. Tocava desde folclore português até rock progressivo. Começou se apresentando no bairro do Bexiga, na capital de São Paulo, e, pouco tempo depois, vendia mais de 300 mil cópias de seu primeiro disco em apenas dois meses. Em 1973, passou a se apresentar no bar-restaurante chamado "Casa de Badalação e Tédio" do Teatro Ruth Escobar. Em menos de dois anos, saltou dos shows intimistas no Teatro para a fama nacional dos grandes espetáculos em ginásios, superando a marca de um milhão de discos vendidos. Acesse esta página para matar a saudade.

 

No entanto, semana passada, falávamos de um produto, vendido em armazéns de secos e molhados (que não se refere à famosa banda) e servido em muitos locais. Sua história relaciona-se com cabras etíopes saltitantes, chicletes energéticos e bebidas revigorantes. Produtos conhecidos desde o primeiro milênio no Oriente Médio, especialmente na região de Kafa, de onde pode ter vindo o nome "café".

 

Os árabes parecem ter sido os primeiros a cultivar o café, por isso o nome de "coffea arabica" - nome científico de uma das mais importantes espécies de café. Os árabes foram também os primeiros a beber o café, em vez de comer ou mascar, como faziam os pioneiros pastores da Etiópia.

 

  Foto: www.illy.com

O café passou a florescer nas Américas e finalmente chegou ao Brasil. Conta a história que o sargento-mor Francisco de Mello Palheta, a pedido do então governador do Maranhão e Grão Pará, em 1727, foi à Guiana Francesa com a missão de trazer pelo menos uma muda da planta ao Brasil. E Palheta conseguiu clandestinamente com a ajuda da esposa do governador de Caiena (capital da Guiana Francesa) uma pequena muda de café arábica.

 

Foi, então, por meio da Guiana Francesa que alcançou o norte do Brasil, mais precisamente Belém do Pará. Da região Norte brasileira, o café foi para o Nordeste, passando por Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia, até chegar, em 1773, ao Rio de Janeiro. Expandiu-se pela Serra do Mar, atingindo, em 1825, o Vale do Paraíba, daí alcançando os estados de São Paulo e Minas Gerais, onde encontrou condições para o seu desenvolvimento. O clima e as terras férteis da região transformaram o Brasil no maior produtor mundial de café no final do século XIX.

 

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A cultura cafeeira ocupou vales e montanhas, possibilitando o surgimento de cidades e a dinamização de importantes centros urbanos por todo o interior do Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná. Ferrovias foram construídas para permitir o escoamento da produção, substituindo o transporte animal e impulsionando o comércio inter-regional de outras importantes mercadorias. Trouxe grandes contingentes de imigrantes e consolidou a expansão da classe média, caracterizando até uma elite social dos “Barões do Café”.

 

Existe uma relação de complexa dualidade entre o café e o porto. A proximidade com o Porto de Santos levou sucesso internacional ao café de São Paulo. As lavouras cafeeiras paulistas contribuíram para o rápido crescimento do porto santista. Ligações secas e molhadas serviram adequadamente ao transporte do café.

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