Por que
este amor aos navios
que apitam e partem
se não quero
partir em nenhum?
Trecho de “Porto”, de Roldão Mendes Rosa
A Ponta da Praia da cidade de Santos compõe um visual espetacular. No mar, os barquinhos, as embarcações de porte médio e os navios, muitos de carga e, às vezes, alguns transatlânticos de passageiros. Na terra, prédios de diferentes estilos arquitetônicos, desde o antigo Museu de Pesca ou o emblemático Enseada até os mais novos edifícios como as Torres da Grécia.
A fotógrafa Simone Iwaí registrou imagens do Edifício Enseada, como a veiculado ao lado, publicadas no livro “Artacho Jurado: arquitetura proibida”, de autoria do arquiteto Ruy E. Debs Franco, Ed. Senac, 2008.
Em geral o bairro é calmo, mas nos dias de maior movimento de navios de passageiros, como no sábado passado, surge aquele mundaréu de gente, concentrado na Ponte dos Práticos e espalhando-se ao longo da orla. Muita gente filmando e tirando fotos. Os apaixonados por navios lamentam até que as imagens não venham com o tão característico som dos apitos.
O som ambiente, tanto nos elevadores, nas salas de espera ou nas áreas públicas é controverso. As pessoas dividem-se nas preferências. Existe o grupo que gosta de barulho, outro que seleciona o estilo de música e ainda outro que prefere o silêncio.
Na questão dos apitos, a polêmica não é diferente. Há quem considere o som uma característica cultural, relacionada com a festa santista da saída dos transatlânticos, música da cidade turística ou, ao contrário uma poluição sonora, prejudicial aos animais e às pessoas.
Alguns ambientalistas são radicalmente contra a utilização dos apitos dos navios apenas por motivos sociais ou festivos. Eles baseiam-se no regulamento internacional que normatiza os apitos, tendo como uma das principais funções evitar o abalroamento de embarcações.
Por exemplo, numa zona de visibilidade reduzida, um navio de propulsão mecânica com seguimento deve emitir um som prolongado com intervalos que não ultrapassem dois minutos. Em outra situação, um navio de propulsão mecânica pairando (com as máquinas paradas e sem seguimento) deve emitir, com intervalos não superiores a dois minutos, dois sons prolongados separados por um intervalo de cerca de dois segundos.
Em uma situação de alerta, um navio desgovernado, um navio com capacidade de manobra reduzida, um navio condicionado pelo seu calado, um navio à vela, um navio em faina de pesca e um navio que reboca ou empurra outro deve emitir, em vez dos sinais prescritos acima, três sons consecutivos, sendo um som prolongado seguido de dois sons curtos, com intervalos não superiores a dois minutos. É interessante observar que um “som curto” designa um som de apito com uma duração de cerca de um segundo. A expressão um “som prolongado” refere-se ao som de apito com uma duração de quatro a seis segundos.
A Associação Nacional de Cruzeiros disponibiliza um resumo do Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar, abordando as regras que dizem respeito aos sinais sonoros e luminosos usados em navegação.
E você, prefere as imagens sonoras ou silenciosas?