O bendito canal do Estuário de Santos, que atraiu as caravelas dos colonizadores portugueses para aportarem na Ilha de São Vicente, também conduz ao berçário dos mangues. A água salobra de temperaturas amenas e movimentos relativamente calmos apresenta características favoráveis à reprodução de grande variedade de peixes, moluscos e aves.
Peixes como o robalo e a tainha entram no mangue para se reproduzir e se alimentar. Apesar de os camarões procriarem no mar, na região da plataforma continental, suas larvas migram para as regiões dos manguezais, onde se alimentam e crescem antes de retornarem ao mar. Diversas aves freqüentam o manguezal para se alimentar, descansar e procriar, como, por exemplo, os colhereiros, os guarás, as garças, os martins-pescadores ou os socós.
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Socó-dorminhoco em mangue às margens do rio Jaguareguava
Uma complexa teia alimentar estabelece-se no mangue a partir das microalgas do fitoplâncton. Diferentes tipos de pequenos seres vivos, denominados plâncton, juntam-se à matéria orgânica em suspensão, formando um fluído orgânico que alimenta camarões, caranguejos, siris, peixes e aves. Muitos dos peixes que constituem o estoque pesqueiro das águas costeiras dependem das fontes alimentares do manguezal, pelo menos na fase jovem. Diversas espécies de aves comedoras de peixes e de invertebrados marinhos nidificam nas árvores do manguezal. Alimentam-se especialmente na maré baixa, quando os fundos lodosos estão expostos.
Os mangues não são importantes apenas para o ambiente marinho, mas também têm valor econômico. A ocupação desordenada de áreas litorâneas e diversidade da ação humana tem provocado a degradação de manguezais e a poluição do canal do Estuário de Santos e demais cursos d’água da Baixada Santista.
O Programa Canal Limpo – convênio de ações entre o governo do Estado de São Paulo, a Sabesp e a Prefeitura Municipal de Santos para o período de 24 meses abrange os dezenove canais de drenagem da cidade de Santos (22,5 km). Estes canais levam as águas pluviais para as praias e para o grande canal do Estuário. A questão é que eles deveriam transportar apenas as águas das chuvas, mas não é o que vem ocorrendo. Os canais carregam também diversos tipos de poluentes que chegam até o “bendito canal”, contaminando as praias e os manguezais.
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O tema é complexo, merecendo uma continuação. Por enquanto paramos por aqui. Afinal, apesar dos problemas, estamos em ritmo de folia carnavalesca. Sábado passado (14 de fevereiro), o “Carnabonde”, no Centro Histórico da cidade portuária de Santos reviveu mais uma fase dos antigos bailes. Desta vez odaliscas e sultões homenagearam o bloco “Favoritas do Sultão”. O grupo do Campo Grande fez sucesso nas décadas de 50 e 60, tanto na época cômica, quando os homens desfilavam vestidos de odaliscas, como na fase luxuosa, em que os componentes trajavam-se de sultões.
Prepare-se para a folia ou procure algum refúgio para se esconder e meditar porque o ano de 2009 vem com tudo.