Sexta, 22 Novembro 2024

Foto: Laire Giraud  

No Dia da Consciência Negra (na última 5ª feira, 20 de novembro) e dois dias antes do Dia do Músico, a temporada de cruzeiros foi oficialmente aberta em Santos. O curioso é que o primeiro transatlântico que atracou aqui no Porto foi o moderno MSC Musica. A embarcação encabeça a Classe Musica da européia MSC Cruzeiros, líder no mercado mediterrâneo. O MSC Musica navega desde 2006 e possui 1275 cabines, acomodando 3100 hóspedes.

 

Como já ressaltamos em artigo de semanas atrás, o Porto de Santos não se resume a uma estreita faixa com 13 km de extensão, destinada à carga e descarga de mercadorias de transporte marítimo. A área retroportuária e as diversas atividades de importância vital para as cidades como os serviços terciários, as indústrias, a armazenagem das mercadorias ou mesmo outros modais de transporte constituem partes essenciais do tema.

 

A questão sobre os modais de transporte e os debates a respeito da melhor opção para a região metropolitana da Baixada Santista precisam alcançar amplos setores da sociedade. Rodízio de veículos, pedágios, vans, micro-ônibus, comboios sobre pneus ou trens? Dois trilhos ou um trilho? Chegou o momento de se debater itinerários e alternativas de sistemas como o monotrilho e o VLT.

 

No contexto da maior eficiência do transporte coletivo com menor poluição ambiental, o “Veículo Leve sobre Trilhos” aparece como a solução mais aprovada pelas autoridades. Especialmente no caso do município de Santos, cuja área insular já é cortada por linha ferroviária, existe hoje uma tendência importante de valorizar este meio de transporte. O modal ferroviário conjuga bem a mobilidade sustentável. É claro que diversos fatores deverão ser observados, além do material rodante e da interferência com o espaço urbano, a sinalização das diversas travessias, a infra-estrutura de apoio das estações (acessibilidade universal, sanitários, estacionamentos de autos e bicicletários, por exemplo).

 

Foto: www.skyscrapercity.com

VLT de Buenos Aires

  

Em julho de 2006, o Presidente da República Argentina, Nestor Kirchner, inaugurou a linha Leste experimental de Buenos Aires, anunciado como o primeiro sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) da América Latina. A iniciativa foi resultado de um acordo assinado entre os governos da Argentina e da França. Entretanto, sistema semelhante já operava desde o ano de 1990, na cidade de Campinas (Brasil), utilizando o antigo leito da E.F. Sorocabana. Eram quatro carros construídos pelo consórcio Cobrasma/BN, uma empresa belga, alimentados por cabos suspensos (catenária).

 

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O VLT de Campinas funcionou até o ano de 1995, sendo desativado por falhas no planejamento. O sistema operou com um alto déficit por causa da má localização de suas estações, principalmente a estação Central que ficava longe do centro da cidade. Outro problema foi a baixa demanda por causa da falta de integrações com os outros sistemas de transporte da cidade.

 

Falando do VLT da Baixada Santista, o prefeito de Santos, J. P. Papa, declarou que “Pela primeira vez, temos uma pesquisa origem/destino que embasou o estudo funcional, que já está pronto. Pela primeira vez, o governo do Estado está licitando o projeto básico que permitirá outra licitação, para a concessão do sistema. Tais elementos comprovam o interesse do governo estadual na concretização do projeto.”

 

Parece que agora ganha corpo a vontade política para melhor resolver o transporte metropolitano. A Deputada Estadual, Maria Lúcia Prandi, lembra que no ano 2000, quando foi vendido o terreno da antiga Sorocabana, em Santos, já se falava em reverter os recursos para implantação do VLT. Em 2001, a Secretaria de Transportes Metropolitanos informou que o projeto estava pronto e que a licitação seria lançada até o final do primeiro semestre daquele ano. O que aconteceu com o montante da venda do terreno público? Por que ainda não temos um transporte metropolitano eficiente?

 

Tem gente que vem

E quer voltar

Tem gente que vai

E quer ficar

Tem gente que veio

Só olhar

Tem gente a sorrir

E a chorar

(Encontros e Despedidas – Milton Nascimento e Fernando Brant)

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