Sexta, 22 Novembro 2024

A coluna Porto-Cidade abordou aparentemente uma contradição quando encerrou 2007 com “a busca pelo novo”, falando do espírito de Beethoven na praia e iniciou 2008 com o “crepúsculo de 2007”, homenageando o advogado-poeta Narciso de Andrade Neto. Mas a vida da cidade portuária é assim, feita de esperanças, projetos e lembranças.

 

Terra, céu e mar. Terra onde se implantam as ruas, praças e monumentos da cidade, mar por onde navegam muitas embarcações e o céu... Ah! O céu – espaço infinito onde singram as abelhas, as gaivotas, os tsurus, tantas asas, os foguetes e os sonhos.

O tsuru no Japão designa uma ave, chamada aqui de grou. Ele representa um símbolo de felicidade. A ave pernalta normalmente freqüenta as lagoas ao norte da ilha de Hokkaido, no Japão. Tradicionalmente, esta ave está relacionada à longevidade e sua figura, através do origami, é bastante popular nos casamentos e festas onde simbolizam saúde e fortuna.

O “Mar de Sonhos: a presença Japonesa em Santos” é uma iniciativa cultural do site PortoGente. Vale à pena conferir.  E aproveitando o tema do centenário da imigração japonesa, pelo menos três escolas de samba desfilaram com ares orientais.

No Rio de Janeiro, a Unidos do Porto da Pedra apresentou o enredo “Tem pagode no Maru! 100 anos de imigração japonesa”. A Unidos da Vila Maria (São Paulo) trouxe o enredo “Irashai-mase, milênios de cultura e sabedoria no centenário da imigração japonesa” para o Carnaval 2008.

Em Santos, no dia do aniversário da cidade, 26 de janeiro, a 8ª edição do “Carnabonde” também homenageou o centenário da imigração japonesa. O evento saudou o antigo bloco “Gueixas do Atlanta”. A decoração do bonde e as fantasias dos foliões tiveram a participação dos alunos da Escola Livre de Artes Cênicas da Secult sob a coordenação do prof. André Leahun. Voluntárias do Fundo Social de Solidariedade desfilaram, caracterizadas de gueixas japonesas e arrecadaram cerca de 1,2 ton. de achocolatado em pó.


Em 1952, as Gueixas do Atlanta faziam sucesso. Reprodução de
História do Carnaval Santista, de Bandeira Júnior, de 1974.

Segundo o historiador e marechal do Samba, J. Muniz, que era o responsável pela bateria do bloco, o “Gueixas do Atlanta” surgiu em 1954. Foi fundado pelo presidente da Associação Atlética Atlanta, Matsutaro Uehara (o Tarô). O clube funcionava no último andar de um hotel, localizado na Rua Brás Cubas.

A agremiação desfilava no famoso Banho da Dorotéia, saindo do Canal 2, seguindo pela Avenida Presidente Wilson, entrando na Ana Costa, chegando até a Praça da Independência (ponto principal). Era formado apenas por homens, que se vestiam de gueixas, utilizando roupas emprestadas pelas esposas (japonesas) dos associados do clube.

J. Muniz também conta que o bloco durou apenas dois anos, mas marcou o carnaval santista pelas fantasias e por levar a cultura japonesa à população da Cidade. O marechal carnavalesco ressalta a importância do Carnabonde, como evento cultural, “pois resgata duas histórias: a do carnaval de bloco e a do bonde, porque naquela época as pessoas se divertiam dentro do bonde com batucada”.

E como eu havia falado, cidade portuária é assim, feita de esperanças, projetos e lembranças.

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