Sexta, 17 Mai 2024

“Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”

Cecília Meirelles, Romanceiro da Inconfidência

 

A versão original da peça “Liberdade, Liberdade” estreou num teatro improvisado de uma cidade portuária, o Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1965, Dia de Tiradentes, o Mártir da Independência, com Paulo Autran, Tereza Rachel, Nara Leão e Oduvaldo Vianna Filho, numa produção conjunta do Teatro Opinião e do Teatro de Arena de São Paulo. Quatro décadas após ser encenado pela primeira vez, o espetáculo dirigido por Flávio Rangel e com texto de Millôr Fernandes, ganhou nova montagem no projeto Teatro nas Universidades. Neste, com direção de Cibele Forjaz e, no elenco, Renato Borghi, Débora Duboc, Élcio Nogueira, Paulo Goulart Filho e Celso Sim, cumpriu-se uma temporada de quarenta apresentações em diversos espaços universitários da região metropolitana da Grande São Paulo.

 

A partir de trechos de obras clássicas, que vão do julgamento do filósofo grego Sócrates à malandragem carioca de Moreira da Silva, “Liberdade, Liberdade” combina política, poesia, humor e música. A nova montagem procurou evidenciar uma das características mais marcantes do texto: a reinterpretação do passado para se falar do presente. Em sua concepção, "Liberdade, Liberdade" é capaz de abordar temas universais para atingir outros mais específicos. Permite leituras atemporais.

 

Provavelmente, devido a este contraponto que conduz toda a encenação, o já saudoso Paulo Autran teria declarado que “Liberdade, Liberdade” foi o trabalho que mais o emocionou: duas vezes liberdade em plena época de ditadura. Na montagem do século XXI, também foram realizados cinco encontros temáticos: "Liberdade segundo a Reflexão Intelectual", "Liberdade segundo a Reflexão Jurídica", "Liberdade segundo a Reflexão Artística" e "Liberdade segundo a Reflexão Cidadã", além de uma quinta mesa reunindo participantes das quatro anteriores.

 

O crítico Yan Michalski, que dedica quase metade de sua coluna à apreciação do ator, afirma que "a versatilidade demonstrada por Paulo Autran é impressionante: em duas horas de espetáculo ele esboça umas dez ou quinze composições diferentes, sempre adequadas e inteligentes, sempre livres de quaisquer recursos de gosto fácil" - e considera que este virtuosismo é resultado do "domínio dos problemas técnicos" e "de todos os meios de expressão do ofício de ator”

 

Neste ano de 2007, a peça tem nova montagem, realizada pelo diretor Clayton Heringer. Baseada no teatro físico, a montagem conta com os atores Bianca Vilella, Erick Furtado, Marina Oliveira e Max Rafhael e produção executiva de Thaisy Medeiros.

Paulo:
Sou apenas um homem de teatro. Sempre fui e sempre serei um homem de teatro. Quem é capaz de dedicar toda a vida à humanidade e à paixão existentes nestes metros de tablado, esse é um homem de teatro.

Nós achamos que é preciso cantar (Acordes da Marcha da Quarta-feira de Cinzas) - Agora, mais que nunca, é preciso cantar. Por isso,

Operário do canto, me apresento
sem marca ou cicatriz, limpas as mãos,
minha alma limpa, a face descoberta,
aberto o peito, e expresso documento
a palavra conforme o pensamento.
Fui chamado a cantar e para tanto
há um mar de som no búzio de meu canto.

E, no entanto é preciso cantar, mais que nunca é preciso cantar, é preciso cantar e alegrar a cidade.

Marcha da Quarta Feira de Cinzas, de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes

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