Seguem as controvérsias. Mas o certo é que cresce a participação da variável “mudanças climáticas” em outras políticas públicas... ao menos nos discursos e no papel.
Transportes representam cerca de 13% das emissões planetárias de CO2 (23% das associadas a energia - desmatamento e queimadas fora). Mas, no Brasil, é quase o dobro (42%), resultado da combinação de uma matriz energética mais “limpa” e uma matriz de transportes mais “suja” que as mundiais. Em SP é ainda mais: 57%!
Foto: Bruno Merlin
Mais de 90% da carga movimentada em São Paulo
é transportada nas rodovias do estado
Inicialmente eram metas voluntárias. Agora é lei: a Política Nacional (Decreto nº 7.390/10), com critério tendencial (“se-nada-for-feito”), fixa meta de redução de 39% nas emissões de CO2 projetadas para 2020 x 1990 (cerca de 1 bilhão de toneladas). A Paulista (PEMC - Lei nº 13.798/09), com critério absoluto, 20% sobre a base 2005 (cerca de 58% pelo critério tendencial, considerando o crescimento previsto para o PIB, mobilidade e setorial, segundo “Relatório-Zero” do seu GT-Tranportes, do final de 2010).
* Clique aqui e veja a PEMC - Lei nº 13.798/09 na íntegra
Dito de outra forma: os transportes paulistas precisarão ter sua eficiência energético-ambiental mais que dobrada nessa década para deixar de emitir 44 milhões t de CO2; 11% mais que o total emitido em 2005 (40 milhões t). Certamente um grande desafio, que exige ações em três frentes: energética, modal e de gestão.
Novos combustíveis e desenvolvimentos tecnológicos, resultando em maior eficiência nos seus usos, têm dominado a cena. Mas para um País e um Estado no qual o transporte rodoviário é dominante (2/3 e mais de 90%, respectivamente), e com quase metade dos caminhões circulando vazios, as frentes modal e de gestão necessitam ser mais exploradas, na linha de planos similares americanos e europeus.
Mais uma vez, do ponto de vista de planos vamos bem, e há esperanças: se a distribuição proporcional da Matriz de Transportes, propugnada pelo PNLT para 2025 (que estabelece um crescimento de 120% na participação relativa do transporte aquaviário e redução de 42% no rodoviário), e do PDDT para 2020 (redução de 1/3 no rodoviário) fosse a distribuição atual, além dos benefícios logísticos, o setor estaria emitindo 38% menos no Brasil e 31% em São Paulo. Ou seja, os caminhos de transportes e mudanças climáticas, particularmente no Brasil, estão inexoravelmente entrelaçados no futuro próximo.