Sábado, 19 Abril 2025

Na teoria quântica, a simples observação de uma partícula atômica faz com que ela mude de estado, matéria ou energia. Não sei o que os contêineres têm a ver com isso, embora acredite realmente que armadores e locadores dessas unidades bem que gostariam de um mecanismo assim, que permitisse, a uma simples olhadela, transferir o contêiner de um continente a outro, ou encolhê-lo a uma forma compacta para o reposicionamento, quando não houvesse mercadoria nele.

O fato é que um novo conceito de navio porta-conteineres, introduzido pela Det Norske Veritas (DNV), tem o nome Quantum. Informa a Hellenic Shipping News, na edição de 13 de abril, que "o novo conceito é baseado tanto em pesquisas técnicas e de mercado como na inovação", sendo desenvolvido para transportar mais cargas enquanto usa menos combustível e com um impacto ambiental reduzido – bem ao encontro, portanto, dos sonhos de qualquer grande armador atual.

Ainda conforme a notícia, o novo conceito de embarcações porta-contêineres é previsto para navegar em velocidade de 21 nós (21 milhas marítimas por hora), mas podendo operar eficiente tanto em velocidades inferiores a 10 nós como superiores a 22 nós. Com grande estabilidade, tem um amplo convés (49 metros de largura), ampliando a capacidade de transporte de contêineres.

Entre inúmeras soluções inovadoras, a necessidade de tanques de água para lastro é minimizada - pelo formato com largura de 42,5 m na linha d’água do meio da embarcação (beam) - e o gás natural liquefeito (LNG) é introduzido como parte do combustível usado pelo navio. Este é imaginado como uma emabarcação de 272,3 m de comprimento, raio de 42,5 m na linha d’água e capacidade para 6.210 TEU.

Bem, tal navio não está à venda, na prateleira da loja. Mesmo que possa ser viabilizado dentro de três a cinco anos, os autores do projeto entendem que o objetivo maior é estimular o debate sobre o assunto, e que não se espera que todos os conceitos inovadores sejam aplicados num mesmo navio.

O detalhe que mais interessa ao Brasil é que o Projeto Quantum teve como base um segmento de tráfego entre nações emergentes, que usa navios entre 5.000 e 7.500 TEU de capacidade, que sejam relativamente pequenos e compactos, sem problemas de calado e com alta capacidade frigorífica – e seus autores citam especificamente o tráfego Europa, costa Leste da América do Sul, "escolhido como um exemplo de uma rota comercial prevista para ter um enorme potencial de crescimento futuro". Assim, o projeto considera uma embarcação para operar com cargas 350 dias por ano, sendo 107 dias navegando em alto-mar, 107 dias em águas costeiras (metade na Europa e metade na América do Sul) e 136 dias em portos (também metade deles em cada continente).

Se o Brasil, potência emergente no comércio internacional (mesmo tendo participação mínima no mesmo), tem intenções reais de adquirir musculatura para enfrentar seus competidores, recriando sua marinha mercante, incluir tais conceitos em seus projetos pode ser o que falta para este país atingir suas metas no transporte marítimo de mercadorias, de forma ambientalmente correta e economicamente competitiva.

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