Findado o 1º turno eleitoral, muitos municípios já conhecem os políticos que os governarão pelos próximos quatro anos. Santos é um deles. A cidade com o maior porto do Brasil elegeu Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que aos 33 anos de idade ostenta um vasto currículo político, que inclui o fato de ter sido secretário-adjunto de Educação do Estado de São Paulo em uma das gestões mais questionadas dos últimos anos. Contudo, quase 60% dos eleitores santistas depositam nele suas esperanças de uma cidade melhor.
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Pensando nisso, entrei no site do futuro prefeito para ver suas propostas, principalmente para o Porto de Santos. Afinal, Santos não é uma cidade que tem um porto, mas uma cidade portuária, que sobrevive em grande parte dos rendimentos provindos desta atividade econômica. E qual foi o meu espanto em ver que não há propostas no site do futuro prefeito. Não estou dizendo propostas específicas para o Porto, mas não existem propostas para nenhuma área.
No site de Paulo Alexandre Barbosa, feito especificamente para as eleições, encontramos o seu currículo, acesso às redes sociais onde podemos encontrar o futuro prefeito e todas as ações que ele, com sua passagem tanto pelo Poder Executivo como pelo Poder Legislativo estadual, conseguiu realizar. Contudo, não há uma linha sobre o que ele pretende realizar para a cidade de Santos.
Foto: Alex Almeida/UOL
Paulo Alexande comemora sua vitória no
primeiro turno das eleições municipais de Santos
Pensando então no Porto, este fato preocupa ainda mais. Estamos prestes a receber um novo pacote de investimentos portuários, que possivelmente modificará os modelos de concessão de terminais e habilitará as autoridades portuárias a serem concedidas ao capital privado. O Porto de Santos manteve-se até hoje nas mãos do Governo Federal não pelo seu tamanho, mas pela força do PMDB. Este partido que pode ter perdido o papel de protagonista na história política do Brasil, é hoje o principal personagem coadjuvante do Governo Federal, que sabe que sem o PMDB perde boa parte de sua governabilidade.
Nestes anos todos, o PMDB foi responsável por indicar os presidentes da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e manter o Porto de Santos funcionando sob égide federal. Os 16 anos em que o PMDB esteve na Prefeitura de Santos (oito anos com a vice-prefeitura de João Paulo Tavares Papa e mais oito anos de sua gestão como prefeito) permitiram uma relação tranquila entre Porto e Cidade e a manutenção da gestão portuária nas mãos do Estado.
Agora, além da falta de propostas do futuro prefeito, teremos um governo municipal do PSDB, partido de oposição ao Governo Federal. Disse Paulo Alexandre nas entrevistas após o resultado do pleito eleitoral, que procurará unir a força dos diversos atores sociais e espera contar com o apoio do atual prefeito João Paulo Tavares Papa. Espero que estas não sejam apenas palavras ao vento, pois, para o bem do Porto e, principalmente, de Santos, esta união não é apenas uma acomodação de cargos, mas a sobrevivência da cidade portuária.