São terras das águas (reflexão indígena)
A acertada secretaria extraordinária anunciada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, comandada pelo ex-ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, com a missão de facilitar a articulação entre os governos Federal e do Estado do RS, convém analisar as propostas do experiente engenheiro e professor Gilberto Berzin, postadas no seu Linkedin, sobre a drenagen do Rio Grande do Sul. Pois, como Portogente já expôs e este debate tem profundidade, a causa da tragédia pelas águas é infraestrutura sem o necessário e adequado tratamento. E o Brasil tem uma produção de ciência e inovação com qualidade mundialmente reconhecida.
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Atualmente, na saída sul da Lagoa dos Patos, a água percorre lentamente um trecho de 265 km dentro do lago, acumulando e represando cada vez mais à frente, ou seja, à montante. Acrescente o que já foi dito neste Portogente, sobre a manutenção da dragagem para conservar as profundidades. Quanto à invasão de água salgada na Lagoa dos Patos e no rio Guaíba, será resolvida com técnicas e comportas acionadas quando o nível exigisse e evitando o retorno. A exemplo dos países baixos na Europa.
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Em 1971 já havia um estudo de um laboratório francês, de abrir a Lagoa dos Patos na altura de Tramandai. Também foi proposto um estudo pelas consagradas empresas francesas de engenharia hidráulica B.C.E.O.M. e a SOGREAH, para ligação marítima de Porto Alegre, através de um canal marítimo e estabelecer um plano diretor de um novo porto. Portanto, 53 anos atrás já havia preocupação com o sistema de águas do RS e apontada a solução. Contudo, não foram tomadas as providências necessárias.
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De tais estudos, também participaram as universidades brasileiras de Porto Alegre e de São Paulo, para a criação de um laboratório de hidráulica, bem como a realização de vários ensaios de modelos reduzidos. Um projeto que, sem sombra de dúvida, se implantado, teria evitado a tragédia que se assiste hoje e expõe falta de gestão política à altura do desafio. Uma crise que mobilizou um socorro nacional, que vem enviando suprimento às necessidades da população temerosamente atingida com perdas materiais e com mais de150 mortes.
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A proposta do Engº Berzin é de executar um canal com margens protegidas. Assim, justifica, “evitar o que aconteceu no Valo Grande, onde abriram um canal de 4 metros de largura, que em dois anos de erosão alargou e atingiu 300 metros”. O que é proposto também inclui uma barragem com vertedouro e comportas de controle de vazão, com eclusas para possibilitar a navegação. Solução utilizada com êxito pelos holandeses e belgas. Desta forma, essa tragédia poderia ter ser evitada com técnica eficaz.
Até quando vai faltar ação política à altura para controlar as águas do Rio Grande do Sul?